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MSC

Enxurrada de contratos em 2014

Petrobras e armadores negociam fortemente para fechar encomenda de 59 barcos de apoio até outubro próximo - Os estaleiros nacionais tem um grande desafio pela frente. A Petrobras pretende contratar todos os 146 barcos de apoio offshore previstos no Prorefam (Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo) até a sétima e última rodada. E quer assinar os contratos desta rodada em 30 de outubro próximo. Os convites para as empresas foram enviados no final de março e o recebimento das propostas é esperado para final de junho. O prazo é curto. Afinal, em sete anos de Prorefam foram contratados 87 barcos de apoio e ainda faltam 59 para contratar em sete meses. Sendo que cerca de 45 deverão ser AHTS, justamente os mais sofisticados. Do total de embarcações contratadas, somente 11 são AHTS, o que indica uma clara dificuldade na negociação.


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Aliás o desafio não é só dos estaleiros mas também dos armadores contratantes e de toda a cadeia de fornecedores. Para os PSV e OSRV a exigência de conteúdo nacional é de 60% enquanto para os AHTS a exigência é de 50% de itens nacionais. Com o atual nível de ocupação dos estaleiros e a morosidade da contratação dos financiamentos, a preocupação só aumenta.

A Petrobras tem hoje cerca de 90 AHTS afretados sendo que a bandeira nacional não participa com mais do que 15% do total. A intenção é justamente reduzir essa participação. Afinal trata-se de uma política de governo e os percentuais de conteúdo nacional são previstos nos contratos de concessão dos campos de petróleo firmados com a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Do total de barcos de apoio, incluindo aí os menos sofisticados, a participação da bandeira nacional aumenta consideravelmente. Segundo a Petrobras, são 504 barcos, sendo 265 de bandeira nacional, 213 estrangeiros e 26 de bandeira REB (Registro Especial Brasileiro).

Na opinião do presidente da Abeam (Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo), Ronaldo Lima, o plano é audacioso mas os estaleiros nacionais têm condições de absorver as encomendas do Prorefam.” Para ele, o sucesso dessa empreitada também dependerá muito dos armadores conseguirem estaleiros adequados e os agentes financeiros minimizarem a burocracia e o excesso de garantias.  “Os agentes precisam ser mais ágeis e também reduzir esse absurdo de garantias caríssimas. Nesse aspecto saem na vantagem os armadores atrelados a estaleiros, como é o caso da CBO com o estaleiro Aliança e futuramente o Oceana, a Bram com o estaleiro Navship, Starnav com Detroit e os grupos Wilson, Sons e Brasbunker. Somente esses cinco têm contratados 45 barcos enquanto que os demais nove armadores dividem os outros 42 contratos.

Ronaldo Lima pondera que a Petrobras precisa aumentar a participação de barcos nacionais de maior conteúdo tecnológico e com isso se resguardar das flutuações do mercado externo, que já apresenta sinais de recuperação. Na crise de 2008 o mercado se deteriorou e o excesso de oferta de barcos fez os níveis de fretes despencarem, pressionando as taxas apresentadas pelos armadores nacionais para novas construções. Era difícil apresentar taxas competitivas, ainda mais com os preços dos estaleiros brasileiros sendo bem mais altos que os praticados lá fora.

De acordo com o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Miranda Formigli, para a sexta rodada foram tomadas algumas medidas visando aumentar a flexibilidade das armadoras no que se refere à estratégia de contratação e facilidades durante a construção, como por exemplo a utilização de uma embarcação front runner pelo período de seis meses. Também foram feitas algumas mudanças na fórmula de reajuste dos contratos. A intenção é aumentar a competitividade das empresas. “Estamos assumindo uma parte das dificuldades e esperamos que os afretadores sejam capazes de assumir a parte deles.”

Para a gerente executiva de serviços de E&P, Cristina Pinho, a dificuldade para contratação se deveu também a problemas de ordem técnica do mercado nacional para atender a essas embarcações mais sofisticadas, o que resultou em custos de produção altos e dificuldade de chegar a um preço final competitivo. Mas garantiu que o mercado não está demandando redução dos índices de conteúdo local. “O conteúdo local não é empecilho para a Petrobras progredir no plano.”

Ela ressaltou que caso as mudanças introduzidas não sejam suficientes para chegar a taxas de afretamento competitivas a questão precisará ser levada para análise da diretoria da estatal. “Será preciso decidir se daremos início ao um novo programa para atender ao número de embarcações desejado”, afirma, lembrando que isso não implicará em atrasos no cronograma de produção pois a empresa sempre irá ao mercado internacional (buscar AHTS) para atender às suas necessidades operacionais. “Aliás temos feito isso porque não estamos tendo boas respostas do mercado interno. Mas vamos conseguir contratar. Muitas empresas são extremamente sérias e têm plenas condições de atender e outras estão se instalando no Brasil e podem dar continuidade ao Prorefam. Os estaleiros brasileiros também são excelentes, já construíram AHTS antes e outros barcos de apoio até mais sofisticados. Outros estaleiros também estão se instalando.”

Segundo Claudio Cesar de Araújo, gerente geral de serviços de contratação, pelas propostas apresentadas para a sexta rodada é possível perceber que as mudanças estão dando certo. Elas foram decididas em reunião com os armadores em janeiro último.  Ele ressaltou ainda que os demais tipos de barcos tiveram a contratação em 17% acima do previsto nas cinco primeiras rodadas.

Já nos planos anteriores foram contratados um total de 38 embarcações. No primeiro plano, em 2000, foram encomendados 18 barcos, dos quais nove AHTS. E em 2004 foram mais 20, todos PSV.

A sexta rodada tem 26 propostas de seis armadores em fase final de negociação e a assinatura dos contratos está prevista para 30 de abril. Já os oito contratos da quinta rodada foram assinados em março. São quatro com a Bram Offshore para construção no estaleiro Navship, três na Starnav para construção no estaleiro Detroit e um da Norskan a ser construído no estaleiro Vard.

Para o presidente do Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore), Ariovaldo Rocha, a construção naval brasileira cumpre sua missão estratégica de atender parte da demanda da Petrobras.

Segundo Ariovaldo Rocha, os estaleiros brasileiros entregaram, em 2013, 6 plataformas de produção de petróleo; dois navios do Promef; 21 navios de apoio marítimo; 10 rebocadores portuários e 44 barcaças de transporte fluvial.

Durante a solenidade de assinatura dos contratos da quinta rodada, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, foi objetiva ao falar do Prorefam. “Não há nada, absolutamente nada, hoje sobre a mesa que justifique atrasar a nossa curva de óleo. Não é prioridade para nós nenhuma contratação que ponha em risco a nossa curva de produção. Não é possível dar jeitinho, atrasar entrega. Vamos contratar no Brasil o que for competitivo. Serão quase US$ 200 bilhões em investimentos em E&P nos próximos 5 anos (US$ 158 bilhões da Petrobras) e esse investimento está atrelado a uma curva de produção que sai de 1,9 milhão de barris/dia e chegará a 3,2 milhões de barris diários em 2018. Nossa prioridade é o óleo.”

Graça Foster lembrou ainda que a dificuldade com a indústria de fornecedores não se restringe ao Brasil, pelo contrário, acontece com fornecedores de todo o mundo. E admitiu que a estatal talvez até cobre mais da indústria nacional, uma vez que também é muito cobrada pela presidente Dilma. “Mas a oportunidade para a indústria naval nacional é muito grande. E também a atividade de apoio marítimo está em crescimento e esse cenário seguirá pelas próximas décadas, uma vez que a curva de produção só tende a subir.”






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