O presidente da Frente Parlamentar da Indústria Marítima, deputado Edson Santos (PT-RJ), declarou, na abertura da 11ª. Marintec/Navalshore, no Rio, ser contra a injeção de dinheiro público para resolver a crise do estaleiro carioca Eisa, que está paralisado há dois meses. Santos, que tem base eleitoral na construção naval, disse saber que haverá sofrimento para metalúrgicos, mas frisou que o setor está bem e não se justifica concessão de subsídios aos acionistas dessa empresa. Dessa forma, deu a entender que os problemas do Eisa são oriundos da gestão empresarial, a cargo do grupo Sinergy, de German Efromovich – e não decorrentes de crise ampla no setor. Essa frente é composta por 220 deputados federais e 11 senadores. O Sindicato da Construção Naval (Sinaval) acaba de publicar balanço, no qual mostra que o setor conta com 381 obras, no valor de R$ 110 bilhões e, portanto, o problema do Eisa – como da gaúcha Iesa – é localizado.
Defensor da construção naval, Santos concordou com outros dirigentes – como Sérgio Machado, presidente da Transpetro – ao dizer que a construção naval precisa melhorar sua eficiência. Comentou que após o ressurgimento, o setor se comportou de forma espetacular, mas que agora é necessário reduzir seus custos, para que a política de conteúdo local, além de contribuir para geração de emprego e renda, não onere as empresas contratantes. Santos criticou duramente a decisão da Petrobras de, em recente concorrência, só contratar cinco barcos de apoio nacionais e optar por 23 barcos usados do exterior, ainda beneficiados por estar o dólar barato, devido a ação do Banco Central.
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O presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, revelou que o setor gera 82 mil empregos diretos e possivelmente beneficia 700 mil pessoas – contando-se familiares dos empregados e a indústria de navipeças. Em um recado ao novo governo, revelou Rocha que o setor precisa de continuidade. Opositor de Eduardo Vieira na última eleição para a Federação das Indústrias do Rio (Firjan), Rocha ironizou, ao dizer, em plenário, que, em 11 edições dessa feira, é a primeira vez em que Vieira aparece. O titular da Firjan retrucou, ao citar que ganhou a inimizade do então presidente da Petrobras, Francisco Gross, em 2002, ao se posicionar de forma dura contra a importação da plataforma P-50, no Governo FHC. Para Vieira, a construção naval tem de definir segmentos em que tem condições de competir, pois dificilmente será eficiente em todos os tipos de navios. Em meio às preocupações sobre competitividade, Sérgio Machado salientou que agora os estaleiros precisam focar na melhoria de gestão.
Fonte:Monitor Mercantil\Sergio Barreto Motta