Um dos principais pleitos da indústria petrolífera, a previsibilidade da oferta de novas áreas de exploração não está na pauta do governo. O secretário-executivo de Petróleo e Gás Natural do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Almeida, disse ontem que a continuidade dos leilões é um dos objetivos do governo, mas descartou o lançamento de um calendário de longo prazo com novas rodadas.
"Temos plena convicção de que as empresas precisam manter suas atividades, mas não significa estabelecer obrigatoriamente uma rodada a cada ano", afirmou Almeida, durante a Rio Oil & Gas, feira do evento petrolífero que acontece esta semana no Rio de Janeiro.
O secretário afirmou que não interessa ao governo leiloar áreas de baixo interesse da indústria, sem antes agregar valor aos ativos a partir do aumento do conhecimento geológico das áreas "Não posso fazer um planejamento de rodada com áreas que não tem menor interesse e encher de demanda a indústria fornecedora de bens e serviços que não vai dar conta de atender [os pedidos]", argumentou.
Almeida também minimizou o impacto da abertura do mercado mexicano sobre a atratividade Brasil. "O México é um país amigo. Não vejo uma competição nisso. Se o potencial lá for tão bom quanto aqui, eles vão investir lá e aqui. Temos plena convicção de aqui é bom", comentou.
De acordo com o secretário, o governo teme lançar um calendário e se vir obrigado a realizar leilões sem áreas interessantes para ofertar. "O cenário muda completamente. Tínhamos uma expectativa enorme com a Bacia de São Francisco e que não se confirmou, por exemplo. Não dá para trabalhar com essas obrigatoriedades", defendeu Almeida.
O secretário, contudo, disse que o governo avalia novas áreas e que o intervalo de cinco anos sem leilões, entre 2008 e 2013, foi um periodo atípico. "Os cinco anos sem leilão não têm nada a ver com a política de ofertas de blocos. Foi uma mudança estrutural. Tivemos de parar para pensar numa outra realidade de mercado [o descobrimento do pré-sal]", explicou.
A previsibilidade do governo na oferta de novas áreas tem sido a principal reivindicação da indústria. "Insistimos muito na regularidade [dos leilões], mas principalmente na previsibilidade. Não ter um cenário para se planejar é muito ruim para a indústria. Deixar em aberto é um voo cego para as empresas", rebateu o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustível (IBP), João Carlos de Luca, que lançou esta semana uma agenda para o setor que, entre outros aspectos, pede um cenário previsível para investimentos.
"Começamos a perder mão de obra qualificada para o exterior. As empresas carregam seus funcionários para onde há atividades. Pesquisa e desenvolvimento também só avança com atividade. Sem demanda clara e definida, ninguém vai apostar em inovação", reforçou o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (AbesPetro), Paulo César Martins.
De acordo com a AbesPetro, o número de sondas de perfuração operando no Brasil (para empresas que não a Petrobras) caiu de 17 em 2010 para três este ano.
(Fonte:Valor Econômico/André Ramalho e Rodrigo Polito | Do Rio)
PUBLICIDADE