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Indústria naval à vista

A experiência tem demonstrado ser a planta industrial o melhor equipamento para desenvolver uma comunidade, pela dinamização da economia local com a oferta de empregos diretos e indiretos, a formação de mercados comprador e vendedor e a possibilidade de surgimento de outras empresas prestadoras de serviços complementares. São esses fatores os responsáveis pela busca incessante por parte dos Estados pela localização de novas instalações industriais.

Regiões como Sudeste e Sul, com parques fabris já expandidos, concorrem com o mesmo interesse de qualquer Estado nordestino pela atração de novas indústrias, oferecendo um leque invejável de incentivos para atrair os empreendimentos. Nessa batalha todos são guerreiros, sendo difícil, porém, a escolha do vencedor. Estado contemplado com uma nova indústria disporá de uma fonte de geração de riquezas por longo prazo, daí a disputa renhida de bastidores.

Os últimos investimentos realizados pela Petrobras implicaram em novas encomendas à indústria naval brasileira, outrora pujante, mas levada ao esgotamento até o fim do século XX. As contratações daquele período foram transferidas para o exterior. Em consequência, os empregos esperados para o mercado nacional se deslocaram para as praças beneficiadas com as encomendas de embarcações feitas pelo Brasil.

Contudo, essa distorção está sendo corrigida. A entrega dos projetos diretamente aos estaleiros nacionais possibilitou o ressurgimento de uma indústria de base, capaz de alimentar uma ampla cadeia de empreitada de serviços e de aquisições de produtos, beneficiando dezenas de outras médias e pequenas unidades fabris. A expansão das linhas de produção petrolífera reabriu amplo mercado para a montagem de embarcações operacionais imprescindíveis à extração de petróleo.

Como parte do reaquecimento da indústria naval, o Ceará vem promovendo gestões para abrigar um estaleiro de grande porte, para suprir a demanda intensa contratada pela Transpetro, à semelhança do que ocorre em outras regiões. Uma indústria naval não se instala em qualquer ponta de praia. O litoral é a sua base física. Todavia, para viabilizar as linhas de produção dessa indústria altamente especializada, a faixa litorânea necessita contar com algumas peculiaridades, sem as quais os barcos não navegam.

Depois da rejeição do estaleiro Promar, o governo do Estado se lançou à cata de faixas litorâneas que atendam às necessidades de uma indústria desse porte. A primeira etapa englobou dez regiões praieiras submetidas às análises técnicas sobre a potencialidade de cada uma. As apreciações criteriosas reduziram para cinco os possíveis municípios capazes de abrigar um estaleiro de grande porte, dentre aqueles escolhidos como fornecedores da Transpetro.

O projeto da indústria naval está dimensionado. Em função dele, estão sendo detalhadas as obras complementares de infraestrutura, observando-se reserva temporária na divulgação da área contemplada para se evitar pressões. Um empreendimento dessa grandeza, em qualquer localidade, só lhe trará progresso. O estaleiro será mais um passo adiante.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)






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