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Lula: ‘Ai da Petrobras se não trouxer plataformas para cá’

Angra dos Reis - Os metalúrgicos de Angra dos Reis, preocupados com o fim das obras da P-57, ouviram um alento do próprio presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), em visita à cidade hoje para o ‘batismo’ da plataforma. Lula contou que foi a partir de uma visita à cidade que ele percebeu a necessidade de recuperar a indústria naval brasileira, lembrou que a Petrobrás irá investir R$ 224 bilhões até 2014 e disse para o povo de Angra não ter medo.

— Vocês aqui, de Angra, não tenham medo, não. Ai dos companheiros da Petrobras se não trouxerem plataformas para cá, se não trouxerem sondas para cá, porque aqui foi o começo de tudo. Foi daqui que nós tiramos a primeira semente de que nós iríamos recuperar a indústria naval brasileira — afirmou o presidente. “A Petrobras tem US$ 224 bilhões para investir até 2014. E não invista, para ver o que vai acontecer! Então, vai ter muitos navios, vai ter muitas plataformas, vai precisar de mais estaleiros”, completou Lula.

Na mesma linha, o governador Sérgio Cabral (PMDB) também deu um alento aos trabalhadores, que lotaram o pátio do estaleiro.

— Temos novas licitações saindo e tenho certeza que o Brasfels vai ganhar muitas encomendas da Petrobrás, beneficiando os trabalhadores desta cidade — disse.

O presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, também falou sobre os investimentos da empresa nos próximos anos e, assim como Lula, confirmou que Angra deverá continuar sendo alvo dos recursos. “Temos oito plataformas já encaminhadas, para serem construídas. E nós também teremos atividades aqui, como teremos no Brasil inteiro. Nos próximos anos, serão dezenas de plataformas”, garantiu Gabrielli, sendo bastante aplaudido pelos metalúrgicos que acompanharam a cerimônia.

Pouco antes da fala de Lula e de Gabrielli, o prefeito Tuca Jordão (PMDB) e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Paulo Inácio Furtuoso, já haviam pedido pela manutenção dos investimentos e dos empregos no município.

“Não temos o direito de exigir mais nada de você, Lula, mas podemos pedir que continue nos ajudando, como sempre fez”, pediu Furtuoso.

“Que este estaleiro possa se multiplicar e possamos ter ainda mais empregos”, completou Jordão.

O evento

O presidente Lula chegou ao estaleiro Brasfels pouco depois das 10h30 e ficou longos minutos com os metalúrgicos presentes ao evento, tirando fotos e até recebendo presentes. Em seguida, Lula visitou as instalações da plataforma, acompanhado do governador Sérgio Cabral; do prefeito Tuca Jordão; do deputados federais Luiz Sérgio (PT) e Edmilson Valentim (PCdoB); dos senadores Marcelo Crivella (PRB) e Francisco Dornelles (PP); do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli; do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung; e de outras autoridades.

Na cerimônia que marcou o batismo da P-57, Tuca Jordão enfatizou que o Brasil está vivendo uma nova era e, numa referência às eleições, disse que “o Brasil merece continuar com o grupo que aí está”.

Os sindicalistas convidados a falar, por sua vez, destacaram o renascimento da indústria naval brasileira e agradeceram a Lula pelos investimentos no setor. Ambas as falas também tiveram conotação eleitoral.

— Alguns diziam que tínhamos que colher bananas, porque o setor naval não tinha jeito. Este governo provou que não era bem assim e batemos o recorde de contratações no setor — afirmou Paulo Inácio Furtuoso.

O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antonio de Moraes, fez duras críticas aos governos anteriores e, também em um tom eleitoral, lembrou dos que ‘proclamavam fracasso da indústria naval’. “Os que diziam isso, agora colocam a cabeça novamente para fora. Mas o Brasil não aceita mais voltar ao passado. Precisamos olhar para esse momento que estamos vivendo e dizer que não queremos dar um passo atrás”, conclamou.

Gabrielli, presidente da Petrobras, lembrou da orientação dada por Lula no início de seu mandato, sobre a recuperação da indústria naval.

— Estamos vendo aqui a evolução de uma política, o avanço da produção nacional, que tem gerado emprego e renda para o Brasil. Nosso programa é de crescimento acelerado, e isso aponta para um futuro melhor para todos nós — disse Gabrielle, lembrando que a construção da P-57 alcançou índice de conteúdo nacional de aproximadamente 68%.
O governador Sérgio Cabral, por sua vez, agradeceu a presença do governador do Espírito Santo e emocionou Lula ao falar de sua saída do governo. “O senhor vai deixar muita saudade, pois recuperou a autoestima do Brasil”, declarou.

Ele elogiou o atual nível de desenvolvimento industrial do país e destacou a importância da opção do governo brasileiro de exigir a contratação de trabalhadores brasileiros para a produção das plataformas.

— Empresa de Cingapura que queira investir no Brasil pode vir, com muito prazer, só que tem que trazer emprego para o Brasil, e não lá pra fora — ressaltou Cabral.

Em tom de despedida, Lula faz discurso de improviso

No último ato da cerimônia, o presidente Lula dispensou o discurso escrito e resolveu improvisar em sua fala. Cheio de humor, o presidente brincou com o público formado basicamente por metalúrgicos (a quem diversas vezes se referiu como ‘peãozada’) e falou em tom de despedida, nesta que possivelmente foi sua última passagem por Angra dos Reis antes de deixar a Presidência – ele já tinha visitado o município em outras quatro oportunidades.

Logo no início, Lula fez referência ao local onde hoje se encontra o estaleiro Brasfels. De acordo com ele, em 2002, ainda candidato a presidente, o local o inspirou para um plano de recuperação da indústria naval no país. O presidente afirmou que o estaleiro passou por algumas décadas de abandono. “Esses trilhos que a gente vê agora, esses guindastes, eram cheios de grama embaixo, mato. Não tinha mais cheiro de trabalhador”, afirmou.

— Quando a gente começa a olhar o que era este estaleiro aqui, na década de 70, e depois a gente olha o que foi este estaleiro da década de 70 até 2003, a gente começa a imaginar quanto tempo este país perdeu com gente governando este país, que não pensava corretamente neste país. Quando nós compramos a briga para que a gente voltasse a construir plataformas e navios no Rio de Janeiro, não era apenas que a gente não queria que trabalhadores de outros países produzissem aquilo que nós queríamos produzir. É que um país que não exercita a capacidade intelectual do seu povo, que não exercita a capacidade profissional da sua gente, é um país que vai sendo tratado como se fosse um país insignificante — avaliou Lula.

Ele disse que o plano de construir estaleiros e navios no país, além de reativar a indústria naval, tinha também um objetivo social. “A cada plataforma que a gente construísse lá fora, cada emprego que a gente fizesse lá fora, quantos adolescentes a gente estaria permitindo que fossem encaminhados para a criminalidade neste país, por falta de perspectiva de estudo, por falta de perspectiva de trabalho? Porque é a falta de oportunidade, é a falta de chance, é a falta da esperança que, muitas vezes, leva um pai ao desespero, leva um adolescente ao desespero. E o nosso papel era recuperar a dignidade de quem já teve dignidade, era recuperar a capacidade de produzir de quem já tinha produzido. E não foi uma briga fácil”, contou.

O presidente também elogiou a gestão da Petrobrás e afirmou que a empresa estava ‘mais brasileira’. Se dirigindo aos metalúrgicos presentes, disse que o trabalhador brasileiro é o mais criativo do mundo e afirmou que um dia o país ainda pode produzir plataformas com 100% de conteúdo nacional.

— Nós estamos fazendo 65% de componente nacional, você pode começar a pensar em 80, 90, daqui a pouco pode colocar 100 por centro, porque a gente faz. Esta peãozada aqui é muito mais estudada do que no meu tempo de peão. Aqui tem gente de macacão que já é doutor. Se um dia vocês [a Petrobras] quiserem o desafio de a gente fazer 100% de uma plataforma aqui, faça o desafio, para você ver que a gente toca esse negócio aqui. A engenharia brasileira não vai dever nada a ninguém — disse, recebendo aplausos entusiasmados do público.

Na despedida, Lula afirmou que o grande legado que seu governo deixa para o país é a autoconfiança da população. “Quero deixar com vocês a certeza de que todos nós temos competência, desde que a gente tenha oportunidade de fazer as coisas. E eu sei que o grande legado que eu vou deixar é ter despertado na cabeça de cada mulher e de cada homem deste país que se eu pude ser presidente da República e fazer o que fiz por este país, significa que qualquer um de vocês pode”, concluiu.

P-57 servirá de modelo para futuras plataformas

O navio-plataforma P-57, batizado hoje, irá operar no campo de Jubarte, na porção capixaba da Bacia de Campos, a 80 km da costa do Espírito Santo, e vai servir de modelo para a construção de futuras plataformas no Brasil.

Ancorada a uma profundidade d´água de 1.260 metros, a plataforma terá capacidade para processar, diariamente, até 180 mil barris de petróleo e 2 milhões de metros cúbicos de gás. Começará a operar ainda este ano e o pico de produção deverá ser atingido até o início de 2012.

O conhecimento adquirido com a construção da P-57 servirá de modelo para os projetos das plataformas P-58, P-62, P-63, e para as unidades que irão operar no pré-sal da Bacia de Santos (SP).

Fonte: Diário do Vale/Jader Moraes


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