Por Fernando Torres, de São Paulo
A Norskan Offshore, mais nova empresa a pedir registro de oferta pública de ações na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), reúne duas características que parecem virar uma tendência para o mercado de capitais brasileiro. A primeira é que se trata de mais uma companhia que busca recursos tendo como estratégia aproveitar o crescimento da indústria de petróleo no Brasil, a exemplo do que fez Eike Batista com petroleira OGX e com o estaleiro OSX.
A outra característica é que a Norskan também é uma empresa de capital estrangeiro que veio buscar recursos no mercado brasileiro, como fez recentemente o Santander e como pretende fazer a portuguesa Sonae Sierra.
Embora também tenha como foco o segmento naval relacionado com exploração e produção de petróleo em blocos marítimos (offshore), a Norskan não compete diretamente com OSX em todas as áreas de atuação.
A primeira, de capital norueguês e controlada pelo grupo DOF, tem como principal negócio a prestação de serviços de apoio à exploração e produção de petróleo e gás na costa.
Isso inclui não apenas o transporte de materiais, suprimentos e tripulação de e para as sondas, plataformas e FPSOs (navios plataforma), como os serviços de posicionamento, rebocamento e ancoramento dessas unidades. A empresa apoia ainda os serviços relacionados à construção, instalação, manutenção e reparos dessas sondas, plataformas e FPSOs.
Já OSX, de Eike Batista, terá um estaleiro para construir as unidades produtoras, que serão afretadas para as petroleiras, entre as quais a OGX, de controle comum. A área de atuação que mais se aproxima daquela oferecida pela Norskan está no serviço de operação e manutenção dessas unidades de produção.
Ainda que tenham linhas de negócio diferentes, as duas companhias são estarão expostas ao mesmo risco, que é o desenvolvimento da indústria petroleira offshore no Brasil. Do ponto de vista do investidor que faz uma alocação setorial da carteira, portanto, as companhias devem competir por recursos dentro do seu portfólio.
De um lado está a OSX, que ainda não saiu do papel, mas nasce com um acordo de proporções bilionárias que lhe dá preferência no fornecimento de unidades de produção para a OGX.
Sem esse tipo de contrato, a Norskan aparece com um histórico de atuação no país desde 2001 e receita de R$ 257 milhões no ano passado, quando teve lucro de R$ 106,3 milhões.
Na minuta do prospecto preliminar da sua oferta de ações, a Norskan apresenta ainda um balanço pro forma, que inclui números de unidades que foram incorporadas pela companhia recentemente. Por esse critério, a empresa teria tido uma receita de R$ 622 milhões em 2009, com lucro líquido de R$ 159 milhões.
A empresa diz contar com 36 embarcações, sendo que 20 estão em operação e 16 em construção. Do total de unidades, 16 tem ou terão bandeira brasileira.
O prazo médio de afretamento dos navios que a empresa possui ou opera é de 3,2 anos, sendo que em alguns casos há opção de prorrogação por 2,7 anos. No prospecto, a Norskan diz ainda que, por conta das características de suas embarcações, que seriam mais modernas, ela consegue taxas diárias acima da média de mercado.
Segundo a companhia, o aluguel de seus navios tipo PSV (Platform Supply Vessel, de apoio a plataformas) varia de US$ 20 mil a US$ 26 mil por dia. Já o preço médio de mercado seria de US$ 15 mil a US$ 24 mil. Para as unidades de ancoragem (AHTSs) o intervalo varia de US$ 30 mil a US$ 58 mil no caso da Norskan, ficando entre US$ 20 mil a US$ 50 mil na média do mercado.
Como fez o pedido de registro na sexta, ainda não há previsão de data para o início dos pedidos de reserva para a oferta de ações da Norskan. BTG Pactual e Credit Suisse coordenam a operação. (fonte: Valor)
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