A OGX, de Eike Batista, inicia nesta semana mais uma tentativa de chegar a um acordo com credores estrangeiros que detêm títulos de dívida da empresa emitidos no exterior. Reuniões em Nova York hoje e amanhã marcarão a retomada oficial das conversas após o pedido de recuperação judicial da petroleira, em 30 de outubro.
A discussão em Nova York terá três pontos principais: se os credores colocarão dinheiro novo, quanto será esse desembolso e qual a fatia da empresa restaria a eles. A OGX avalia que precisa de cerca de US$ 200 milhões e mantém a proposta de que os credores estrangeiros façam o aporte. Caso aceitem, terão direito a uma porção maior da empresa e preferência no pagamento.
Em qualquer cenário, os minoritários ficariam com apenas 5% da empresa recuperada --hoje detêm 50%. A expectativa de assessores de Eike é que se possa fechar um "compromisso" sobre as principais bases da negociação até a próxima semana, com a assinatura de um documento com as diretrizes do que seria o contrato final.
Esse seria o primeiro passo para que seja selada uma "trégua" entre as duas partes, segundo fontes próximas a Eike, que quer evitar um litígio internacional com fundos poderosos como BlackRock e Pimco, donos de parte dos papéis.
Para a OGX, a negociação é importante para diminuir as incertezas em relação ao apoio que terá na assembleia de credores em maio, quando o plano de recuperação será colocado em votação. Se for negado, a companhia vai à falência.
As duas partes negociaram intensamente antes da recuperação judicial, sem sucesso, mas o comando da petroleira acredita que o clima para um acordo melhorou. Além do desejo de Eike de não se indispor com esses investidores, há a sinalização de que uma saída negociada possa também ser vantajosa para o grupo de credores.
Cada real da dívida de mais de R$ 11 bilhões da OGX corresponde a um voto na assembleia de credores. Os seis credores estrangeiros que negociam com a companhia detêm cerca de R$ 4 bilhões.
Há ainda outros R$ 4 bilhões de títulos de dívida nas mãos de diferentes investidores no mercado, mas é difícil para os dois lados saber com quem eles votarão, e uma corrida para convencê-los seria desgastante para todos.
Nos cálculos da OGX, são grandes as chances de ter ao seu lado na assembleia de credores a OSX, que cobra dívidas de cerca de R$ 3,5 bilhões pela rescisão de contratos, e até mesmo os fornecedores, que reivindicam pelo menos R$ 1,1 bilhão e teriam interesse em retomar contratos com a empresa no futuro.
Fonte: Folha de São Paulo/RENATA AGOSTINI DE BRASÍLIA/RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO
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