Receba notícias em seu email

Navalshore

Para especialistas, Petrobras deve deixar papel de operadora única para o pré-sal

A surpreendente ausência da Petrobras na 13ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no início do mês, vai servir de ingrediente político para a tentativa de derrubar o papel de operadora única da estatal nas áreas do pré-sal que forem licitadas sob o modelo de partilha da produção. A avaliação é de especialistas ouvidos pelo Valor sobre o assunto.

"O resultado do leilão foi excelente para uma reflexão sobre o papel do operador único, o fôlego e os interesses da Petrobras. Essa obrigatoriedade é mais uma punição do que um prêmio", afirmou o advogado especializado no setor Luiz Cesar Quintans, do escritório Quintans e Sesana.


PUBLICIDADE



"Nesse leilão, que foi um desastre, a Petrobras não teve comprometimento. Se não participou agora, como vai ter condições de participar do leilão do pré-sal? Se formos esperar a Petrobras se recuperar, só vamos ter leilão do pré-sal daqui a dez anos", disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Para uma fonte do setor, porém, o resultado da 13ªª rodada terá pouco efeito sobre a discussão no Congresso. Segundo ela, o debate sobre o papel da Petrobras como operadora única do pré-sal, com participação mínima de 30% no consórcio dono das áreas, é muito mais ideológico, do que político ou técnico.

Dois projetos em trâmite no Congresso podem derrubar o papel de operador único do pré-sal. O primeiro, mais conhecido, é o projeto de lei de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), que prevê justamente a retirada da obrigatoriedade do papel de operador único e da participação mínima de 30% da Petrobras nos projetos do pré-sal, sob o modelo de partilha.

O outro, mais radical, é o projeto 6.726, de 2013, de autoria do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que propõe que a exploração na área do polígono do pré-sal seja feita sob o regime tradicional de concessão, e não sob o regime de partilha da produção. No início do mês, a Câmara dos Deputados rejeitou o requerimento de votação com urgência para o projeto.

A retirada da obrigação da Petrobras como operadora única do pré-sal faz parte da "Agenda Mínima para o Setor Petróleo Brasileiro", documento assinado por 23 associações e federações de indústrias estaduais. "Essas exigências podem vir a ter impacto na definição de quando irão ocorrer ofertas de novas áreas exploratórias do pré-sal, principalmente se a Petrobras não demonstrar interesse ou capacidade de assumir novos compromissos", diz o texto, entregue na semana passada ao ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.

A opinião é compartilhada por Maurício Canêdo, pesquisador da FGV. "Amarrar a exploração de determinada área é ruim para a empresa e para o país." Estudo realizado por ele concluiu que a existência do operador único, independentemente de qual a companhia escolhida, poderia gerar atrasos no ritmo de produção de petróleo - e arrecadação para o governo - e aumento nos custos de operação e desenvolvimento na área do pré-sal.

Para Paulo Valois, advogado especializado no setor petróleo do escritório L.O. Baptista, a retirada do papel de operador único é bom para o país. "O Brasil precisa de novos players", afirma. Ele defende que, se for derrubado o operador único, já seja programada uma licitação do pré-sal.

Para o presidente do Comitê de Energia da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio), Manuel Fernandes, o fato de a Petrobras ser a operadora única pode dificultar o desenvolvimento da cadeia de óleo e gás no país, devido à situação financeira da empresa. "Por ser uma operadora dominante, toda a cadeia sofre queda", diz.

Dois anos após o leilão de Libra e um depois do início da crise do petróleo, o que parecia ser uma receita perfeita para o governo, pode ser um tiro pela culatra. Sobre a crise do preço do petróleo, porém, Fernandes destaca que o setor, naturalmente, passa por ciclos econômicos e de commodities.

Fonte: Valor Econômico/Rodrigo Polito | Do Rio






   Zmax Group    ICN    Antaq
       

NN Logística

 

 

Anuncie na Portos e Navios

 

  Sinaval   Syndarma
       
       

© Portos e Navios. Todos os direitos reservados. Editora Quebra-Mar Ltda.
Rua Leandro Martins, 10/6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20080-070 - Tel. +55 21 2283-1407
Diretores - Marcos Godoy Perez e Rosângela Vieira