A Petrobras retomou as conversas com investidores para uma captação de pelo menos R$ 500 milhões com a emissão de títulos com lastro em créditos imobiliários, conhecidos pela sigla CRI, conforme apurou o Valor. A oferta, adiada em junho por problemas com a documentação dos imóveis, deve voltar remodelada.
Uma das possibilidades em estudo é enquadrar a operação na lei que concedeu isenção de imposto de renda a títulos de dívida para financiar projetos de infraestrutura. Esse é um sinal de que a Petrobras pretende acessar os investidores estrangeiros, já que as pessoas físicas no Brasil contam com alíquota zero de imposto de renda nas ofertas de CRI.
Como o cenário para as taxas de juros mudou radicalmente nos últimos meses, a remuneração aos investidores do CRI também deve aumentar. A emissão possui três séries, com prazos de 12, 15 e 18 anos. Na tranche mais curta, os papéis ofereciam uma remuneração equivalente à do título público corrigido pela inflação (NTN-B) com vencimento em 2022 sem prêmio de risco (spread).
O ajuste da taxa do CRI depende de uma negociação com os bancos coordenadores da oferta - Santander e BTG Pactual -, que concederam a chamada garantia firme de colocação caso os papéis não encontrem demanda no mercado. Procurada, a Petrobras não comentou o assunto.
A Petrobras se vale com frequência da venda de créditos imobiliários na forma de CRI como uma fonte de captação de recursos no mercado brasileiro. Os recebíveis são adquiridos por empresas securitizadoras, responsáveis pela emissão dos papéis no mercado.
A oferta suspensa em junho possuia lastro em contratos de locação das futuras sedes administrativas de Santos (SP) e Vitória (ES) e de um laboratório que será construído na cidade de Macaé (RJ). Os papéis serão emitidos pela Brazilian Securities, controlada pelo BTG.
Depois de dois meses difíceis, a fila de empresas com planos de captar recursos no mercado de capitais local só aumentou. Mas pelo menos uma grande operação deve ser cancelada: a da operadora de telefonia Oi. A empresa pretendia levantar pelo menos R$ 800 milhões com a emissão de debêntures de infraestrutura. Procurada, a Oi não comentou o assunto.
Originalmente prevista para julho, a captação da operadora foi adiada em meio à piora nos mercados com a perspectiva do fim dos estímulos monetários nos Estados Unidos. A empresa obteve, então, um crédito com a emissão de notas promissórias e esperava retomar a oferta de debêntures a partir de setembro, com taxas maiores do que as previstas inicialmente.
Com o eventual cancelamento da oferta, a Oi deve liquidar as notas promissórias, que vencem em outubro, com dinheiro do próprio caixa, reforçado após a venda do negócio de cabos submarinos para o BTG, por R$ 1,75 bilhão.
Fonte: Valor Econômico/Vinícius Pinheiro | De São Paulo
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