Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira no Rio, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, disse que a reestruturação corporativa aprovada pelo conselho da companhia e divulgada hoje é um modelo perseguido e discutido há muito tempo.
“É um modelo que julgo revolucionário. Precisávamos aprimorar modelo de gestão e mecanismos de controle”, disse.
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O número de funções gerenciais ligadas diretamente ao conselho de administração, presidência e diretoria da Petrobras cairá de 54 para 41 com a nova estrutura organizacional.
Segundo o executivo, a necessidade de reestruturação é uma resposta que se impôs em meio à nova realidade de baixa dos preços do petróleo, e das denúncias de corrupção envolvendo a estatal - cujos contratos com fornecedores foram alvo de investigação por parte da Polícia Federal (PF), no âmbito da Operação Lava-Jato.
“A reestruturação é um passo importante para o presente, mas também para o futuro da companhia”, afirmou.
Ganhos
A nova estrutura organizacional e o novo modelo de gestão e governança da Petrobras já começaram a valer e os ganhos com a reestruturação já passam a ser contabilizados a partir deste primeiro trimestre, disse Bendine.
“A reestruturação terá um efeito pequeno no primeiro trimestre, mas gradualmente se aplicará”, disse o presidente da estatal, destacando que os ganhos econômicos da mudança não são o objetivo principal da reestruturação.
“Buscamos também maior celeridade nas decisões da companhia, dar maior segurança às decisões e preservar a capacidade técnica da empresa”, afirmou.
Pelas novas regras, cada diretoria passará a contar com um comitê técnico composto por seus gerentes executivos, que terão a responsabilidade de emitir recomendações à diretoria. O conselho de administração será avisado sempre que um diretor decidir não seguir essas recomendações.
Ainda segundo o novo modelo organizacional, designações e dispensas de gerentes executivos terão de ser referendadas sempre pelo conselho e contratações para projetos de investimentos envolverão, como regra, três diretorias.
“Isso dá maior debate e aumenta a segurança do projeto. Passa a ser um projeto com decisão colegiada”, afirmou.
Bendine comentou, ainda, sobre a criação de uma gerência executiva dedicada ao projeto de Libra, no pré-sal de Santos. A decisão, segundo ele, reflete a prioridade dos investimentos no projeto.
“É um projeto com um modelo muito especifico e que tem um regime diferente de exploração. É uma das áreas mais promissoras da companhia, um dos ativos onde a companhia prioriza mais seus investimentos”, disse.
Dentro do processo de implementação da reestruturação, Bendine disse que a Petrobras focará nas próximas semanas na realocação do quadro de diretores e gerentes executivos, mas que a empresa “não vai parar nesse processo”.
Governança
A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) onde terá que ser aprovado o novo estatuto da Petrobras deve acontecer nos próximos 30 a 60 dias. Bendine disse que a companhia está "ultimando" os detalhes e procedimentos para efetivar o novo modelo de governança e de gestão da companhia. "A assembleia ocorrerá em 30 a 60 dias, no máximo", disse.
O gerente executivo de Estratégia, Antonio Eduardo de Castro, explicou que o corte de aproximadamente 30% será feito nas 3.500 gerências não-operacionais, de um total de 7.500 que existem.
No momento, segundo Bendine, está sendo feito o aperfeiçoamento da responsabilização dos gestores do ponto de vista estatutário. E deu como exemplo as ocasiões em que um gerente participar dos comitês de análise dos negócios. Nesses momentos, explicou, esse executivo terá responsabilidade estatutária regulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que antes só acontecia com os diretores executivos e membros do conselho de administração.
"Antes, poucas pessoas eram responsabilizadas, apesar do tamanho e da complexidade da companhia", disse Bendine, observando que a gestão que era centralizada passa a ser participativa.
Plano de negócios
O novo plano de negócios da companhia deve ser divulgado provavelmente em março, disse Bendine. Um “ajuste profundo” está sendo preparado, afirmou o executivo.
“Retardamos um pouco a divulgação, dada a intensa volatilidade dos preços do petróleo. Fizemos um ajuste mais profundo e está em fase final de aprovação e confecção”, disse.
Petros
De acordo com o presidente da Petrobras, o déficit do fundo de pensão Petros em 2015 é um fato dado e que a companhia prepara uma reorganização patrimonial e de gestão do fundo. Segundo ele, a discussão colegiada sobre o assunto se dará ao longo de 2016 - e os funcionários da estatal também serão convocados para o debate.
“É um fundo compartilhado e aquilo que for necessário ser feito vai ser feito com debate”, disse, em referência à possibilidade de que os conveniados do fundo venham a ser convocados a contribuir com a cobertura do déficit da Petros.
Desinvestimentos
Bendine afirmou que o programa de venda de ativos da companhia está em um “momento muito ativo” e que a empresa avalia novos modelos de negócios dentro desse processo de desinvestimentos.
“O processo de desinvestimentos da companhia está a pleno valor. A empresa não pode ter restrição a modelos de negócios no processo de desinvestimentos. Tem que ter cabeça aberta em relação a modelos de negócios, não há modelos pré-determinados em relação aos nossos ativos”, complementou o executivo, sem mencionar diretamente se a companhia avalia vender o controle de alguns ativos.
Fonte: Valor