Igor Sechin, o diretor-presidente da Rosneft, manifestou sua vontade de vender mais ações da gigante estatal do petróleo russa. Entretanto, o ex-vice-primeiro-ministro da Rússia sugeriu que a empresa, bancada pelo Kremlin e que em março se transformou no maior grupo mundial de energia de capital aberto em termos de produção, ainda enfrenta vários desafios na tentativa de melhorar seu valor de mercado antes das vendas futuras.
A Rosneft superou a ExxonMobil dos Estados Unidos em termos de produção de petróleo após a conclusão da aquisição da TNK-BP em março, por US$ 55 bilhões. Numa apresentação a analistas em Londres, Sechin disse que a tarefa da Rosneft agora é garantir as sinergias de US$ 10 bilhões prometidas na ocasião da compra.
A aquisição hostil da TNK-BP deixou o governo da Rússia com uma participação de 70% e a BP com pouco menos de 19%, tornando a avaliação depositada na Rosneft crucial para o abalado valor de mercado da própria BP.
O Ministério da Economia da Rússia sugeriu este mês que a venda de um adicional de 19% da companhia poderá ocorrer ainda este ano, para ajudar a equilibrar as finanças públicas do país.
Mas Sechin sugeriu que qualquer venda deverá ocorrer quando a Rosneft tiver se beneficiado das melhorias de sua base de recursos, de novos investimentos para melhorar as eficiências e da melhoria do sentimento em relação à ação.
"Se a decisão é voltada para conseguir o máximo impacto para o orçamento do governo, precisamos escolher um momento em que o governo possa obter o máximo efeito", disse ele. "A base de reservas é o principal fator na capitalização de mercado." A compra da TNK-BP elevou a atual base média de reservas da Rosneft de 4,8 bilhões de toneladas equivalentes de petróleo para 8,9 bilhões.
A Rosneft captou mais de US$ 10 bilhões a US$ 7,55 por ação em 2006, na maior abertura de capital feita por uma companhia russa, que a avaliou em US$ 80 bilhões. As ações da companhia aumentada estão sendo negociadas agora a US$ 7. Sechin também criticou as exigências dos acionistas minoritários, que ficaram no escuro em relação à política futura de dividendos, apesar de estarem com 5% das ações da TNK-BP após o negócio.
Ele alertou que a generosa política de dividendos anterior da TNK-BP para com os acionistas minoritários remanescentes não poderá ser mantida por causa da necessidade de se cumprir metas de investimentos necessárias, visando a modernização dos ativos da empresa.
Sechin disse que vai tratar os acionistas restantes da TNK-BP com respeito, mas exigiu propostas realistas deles, ao sugerir que a empresa enfrentaria uma diminuição de dividendos independentemente da mudança de controle. "Há o momento de jogar pedras e há o momento de recolhê-las", disse ele. "Somos uma empresa, não uma instituição de caridade."
Ele acrescentou que a atual política da Rosneft de um pagamento de dividendos de 25% a partir dos lucros líquidos - aumentado no ano passado em resposta a pressões do governo -, se compara às de outras companhias de petróleo.
Fonte:Valor Econômico/Michael Kavanagh | Financial Times
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