A Bovespa começa a semana sob a regência de Libra. Não o signo, mas o leilão de uma das maiores descobertas de petróleo no mundo na década. A disputa será a partir das 14 horas e promete ser rápida, mas antes dos lances propriamente ditos, o mercado poderá viver momentos de nervosismo com o provável certame de liminares para tentar barrar a operação.
"Minha percepção é que será um sucesso, mas tudo pode acontecer", afirma o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. O especialista vê três cenários possíveis para o leilão e que podem influenciar radicalmente o rumo das ações da Petrobras na Bovespa.
Um deles, que também é avaliado pelo mercado como o mais provável, é que a disputa seja morna, talvez com dois participantes - individuais ou em consórcio.
Nessa hipótese, a Petrobras arcaria com a parcela mínima do investimento no projeto, de 30%, equivalente a R$ 4,5 bilhões, e o percentual de petróleo produzido no campo a ser oferecido pelo vencedor à União não seria relevante.
Outra possibilidade, que Gala considera a mais preocupante para a Petrobras, seria não haver interessados no leilão. "Se ninguém der lance, ou as ofertas de petróleo para a União forem muito baixas, provavelmente a Petrobras terá que ficar com uma parcela bem maior do que previa."
Nessa situação, explica o estrategista da Fator, as ações da Petrobras podem sofrer, já que o montante de investimento a ser feito pela estatal cresceria muito, colocando em risco, inclusive, a nota de crédito ("rating") da companhia, hoje em grau de investimento.
A terceira hipótese, e que Gala considera como a mais provável, é que a disputa seja grande e o leilão, um sucesso. "Seria muito bom se uma ou mais empresas aparecessem dispostas a investir pesado para explorar o campo. Se tiver alguém querendo pagar mais, o mercado pode interpretar esse fato como notícia positiva."
Mas mesmo o sucesso tem seus contras para a Petrobras. Se uma parcela muito grande de petróleo for ofertada para o governo, a estatal corre o risco de não conseguir obter o retorno necessário com a venda da parcela de óleo restante - provavelmente 30% - a que terá direito. "Esse seria o lado ruim do sucesso", avalia Gala.
"Independentemente de qual o resultado do leilão, o fato é que a conta dívida/investimento/gasolina não fecha para a Petrobras", afirma o especialista, que vê como inevitável a necessidade de o governo conceder novo reajuste de combustíveis. "O recuo do dólar e a tendência da Selic atingir 10% ao ano abrem espaço para o reajuste."
Além do leilão de Libra, a primeira metade do pregão da Bovespa desta segunda-feira também estará sob a influência do vencimento de opções sobre ações.
Na sexta-feira, os papéis já sentiram o peso da disputa entre "comprados" e "vendidos" (que apostam na alta e baixa, respectivamente). Segundo operadores, há um grande volume de posições descobertas (sem ter os papéis, de fato) nas opções de compra de Petrobras PN a R$ 18,34 e na de compra de Vale PNA a R$ 32,42. Petrobras PN fechou em baixa de 1,53%, a R$ 17,03, enquanto Vale PNA recuou 0,47%, cotada a R$ 31,69.
O Ibovespa, por sua vez, encerrou em leve alta de 0,04%, a 55.378 pontos, depois de marcar mínima no suporte de 55 mil pontos. O giro financeiro alcançou R$ 6,969 bilhões. Na semana, a bolsa brasileira subiu 4,19%, acumulando ganho de 5,81% em outubro. No ano, o índice ainda recua 9,14%.
(Fonte:Valor Econômico/Por Téo Takar e Aline Cury Zampieri | De São Paulo//colaborou Cláudia Schüffner)
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