A Petrobras comunicou na noite de segunda-feira (4) o afastamento temporário do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, alvo de investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga denúncias de desvio de dinheiro público da Petrobras. Em nota enviada à imprensa, a companhia informou que Machado apresentou carta ao conselho de administração da subsidiária solicitando licença não remunerada pelos próximos 31 dias. O conselho de administração da Transpetro aprovou a solicitação e designou para substituto de Machado, neste período, o diretor Claudio Ribeiro Teixeira Campos.
A auditoria externa PricewaterhouseCoopers (PwC) apresentou questionamento contra ele perante o comitê de auditoria do conselho de administração da Petrobras. Sem auditoria independente, a Petrobras não pode divulgar seu balanço do terceiro trimestre, o que fazer com que a empresa enfrente dificuldades no mercado.
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Machado disse que tem sido vítima nas últimas semanas de "imputações caluniosas" do ex-diretor de abastecimento da Petrobras,
Paulo Roberto Costa, que declarou em depoimento à Polícia Federal ter recebido propina das mãos dele. Em nota, Machado nega as acusações e afirma que seu afastamento é um "gesto de quem não teme acusações". Ele também espera, dessa forma, contribuir para que o balanço trimestral seja divulgado.
José Sérgio de Oliveira Machado está à frente da presidência da Transpetro desde 2003, durante o governo Lula, quando teve o nome indicado pela bancada do PMDB. Na nota assinada por Machado, ele destaca que durante 11 anos e quatro meses no cargo, a Transpetro passou por auditorias periódicas do Tribunal de Contas da União (TCU) e auditorias independentes, como a KPMG e a PWC.
Leia abaixo, na íntegra, a nota enviada por Sergio Machado:
Nota à imprensa
Tenho muito orgulho do trabalho que desenvolvi nos últimos 11 anos e 4 meses na presidência da Transpetro. Nesse período, a empresa obteve resultados notáveis – e passou sem problemas pelo crivo de inúmeras fiscalizações internas e externas.
As contas da Transpetro e a execução de seus principais programas são periodicamente auditadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que jamais encontrou irregularidades nos contratos e no último dia 30 de outubro expediu certidão negativa atestando não haver nenhuma pendência em meu nome relativamente a contas julgadas até o presente momento. A empresa também é objeto da análise permanente de auditorias independentes, entre elas a KPMG e a PricewaterhouseCoopers (PwC).
Além de não responder a nenhum processo no TCU, não sou réu em nenhuma ação penal e não tenho contra mim nenhuma ação de improbidade admitida pela Justiça. Ao longo de mais de 30 anos de vida pública, jamais fui processado em decorrência de meus atos.
Na presidência da Transpetro desde junho de 2003, estive à frente do processo que a transformou na maior empresa de transporte e logística de combustíveis do Brasil. Entre 2003 e 2013, o faturamento aumentou em média 13,5% ao ano e o Ebitda, um importante indicador financeiro, teve crescimento médio de 15,1% ao ano. Se analisado apenas o ano de 2013, os dados são igualmente expressivos: em relação a 2012, o faturamento cresceu 12% e o lucro líquido aumentou 30,1%.
Durante a minha gestão, a criação do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) permitiu o renascimento da indústria naval brasileira, com a encomenda de 49 navios e 20 comboios hidroviários a estaleiros nacionais. Nos últimos 3 anos, 7 novos navios entraram em operação. Atualmente, 16 estão em construção. Isso depois de o Sistema Petrobras ter ficado 14 anos sem receber um único navio construído no Brasil (1997-2011).
A indústria naval gera hoje mais de 80 mil empregos diretos no país. No fim da década de 90, esse número era de apenas 2 mil postos de trabalho. Atualmente, o Brasil tem a terceira carteira mundial de encomendas de petroleiros e a quarta de navios em geral.
Reafirmo: tenho muito orgulho de minha gestão na Transpetro. E acrescento: nada devo nem temo em relação à minha trajetória.
Apesar de toda uma vida honrada, tenho sido vítima nas últimas semanas de imputações caluniosas feitas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, cujo teor ainda não foi objeto sequer de apuração pelos órgãos públicos competentes. A acusação é francamente leviana e absurda, mas mesmo assim serviu para que a auditoria externa PwC apresentasse questionamento perante o Comitê de Auditoria do Conselho de Administração da Petrobras.
Embora o Conselho de Administração tenha adiado qualquer deliberação sobre tal questionamento, decido de forma espontânea requerer licença sem vencimentos pelos próximos 31 dias. Tomo a iniciativa de afastar-me temporariamente para que sejam feitos, de forma indiscutível, todos os esclarecimentos necessários.
Trata-se de um gesto de quem não teme investigações. Pretendo com isso, também, evitar eventuais atrasos na divulgação do balancete do terceiro trimestre da Petrobras.
Estou certo do pleno rigor e lisura de minha gestão na Transpetro, e tranquilo quanto ao curso das investigações. Tenho todo o interesse de que tudo seja averiguado rapidamente.
Sergio Machado
Presidente da Transpetro
(Da Redação)