O conglomerado de Eike Batista vai investir até US$ 40 milhões por dia nos próximos anos para atender à demanda crescente por commodities e produtos industrializados do Brasil.
O empresário brasileiro de 54 anos disse ontem numa entrevista ao Wall Street Journal que planeja criar uma nova empresa de transportes marítimos, comprar uma empresa de automação e se associar a grandes multinacionais industriais, entre outras iniciativas.
Os planos de Batista podem ter um impacto significativo num país que está crescendo rapidamente mas enfrenta sérios problemas de infraestrutura. A empresa, que já tem investimentos em petróleo e gás, eletricidade, mineração, logística e imóveis, está aumentando rapidamente seus investimentos, cujo nível atual é de US$ 20 milhões diários, por causa da expansão da demanda por matérias-primas brasileiras, especialmente da China.
Boa parte dos investimentos da holing EBX Brasil SA vai para o Porto do Açu, um complexo gigantesco que está sendo construído pela LLX Logística SA no norte do Estado do Rio de Janeiro. Além do porto, projetado para receber os maiores navios do mundo quando estiver pronto, em 2012, o complexo contará também com uma usina elétrica, uma usina siderúrgica e uma montadora, entre outras empresas.
Batista disse que deve anunciar em junho ou julho um acordo com uma montadora "europeia ou japonesa" para construir uma fábrica no Porto do Açu.
"A logística será perfeita", disse ele, numa referência à proximidade entre o porto e as fábricas no complexo verticalmente integrado. A montadora planejada "economizará US$ 300 por carro montado em Açu" em comparação à produção de carros em outros lugares do Brasil, disse. Batista ainda não estava preparado para anunciar o nome da montadora.
Batista disse também que planeja criar uma nova empresa para transportar produtos para o exterior, com o objetivo de faturar em cima da demanda mundial por commodities e outros produtos do Brasil. Ele não quis dar mais detalhes sobre essa iniciativa.
A General Electric Co. também deve obter um terreno no Porto do Açu, onde fabricará equipamentos para a indústria petrolífera, que está crescendo rapidamente por causa da descoberta de reservas gigantescas na costa brasileira, disse Batista. Ele acrescentou que o acordo deve ser assinado durante a visita do presidente Barack Obama ao Brasil, a partir de sexta-feira.
Um porta-voz da GE disse que a empresa não podia comentar os planos antes da visita de Obama.
Batista disse que a EBX já tem uma carteira completa de negócios, mas está interessada em adquirir um fornecedor de serviços de automação no Brasil. Suas empresas gastam "muito dinheiro" com terceirização de serviços de automação, então ele acha que pode ser melhor adquirir um desses fornecedores, mas não quis dar maiores detalhes.
Batista disse também que planeja abrir o capital de mais duas filiais: a mineradora de ouro AUX e a de cobre CUX. Ele não forneceu um cronograma para essas operações, mas disse que elas devem ocorrer nos próximos meses. A AUX anunciou em fevereiro um acordo para comprar cerca de 80% da mineradora canadense de ouro Ventana Gold Corp., transação que a avaliou em cerca de US$ 1,5 bilhão.
A EBX, juntamente com cinco filiais operacionais, já tem capital aberto.
Apesar dos planos agressivos de investimento, Batista diz que suas empresas têm agora dívidas de "menos de R$ 5 bilhões". Para os investimentos futuros, como de R$ 3,5 bilhões numa mina de ferro, anunciado em fevereiro, ele disse que já tem financiamento de vários bancos. "Não vamos precisar apelar para o mercado [de capitais]", disse ele.
Batista disse também não querer que outros acionistas juntem mais de 20% de qualquer uma de suas empresas. Alguns sócios, como a chinesa Wuhan Iron and Steel, que tem 17% da MMX Mineração e Metálicos SA, já estão perto desse limite, mas o bilionário disse que não está disposto a reduzir sua participação deixando que outros obtenham fatias grandes demais de seus negócios.
De olho na Copa do Mundo de 2014 e na Olimpíada de 2016, ambas a serem realizadas no Brasil, Batista também está construindo hotéis no Rio de Janeiro. Mas ele teme que a infraestrutura brasileira não suporte a realização de eventos tão grandiosos. "Não gosto do prazo", disse ele, acrescentando que o país está "apertado". Mas ele afirmou que no fim as empreiteiras brasileiras conseguirão construir a infraestrutura necessária.
Fonte: Valor Econômico/Paulo Trevisani e Luciana Magalhães | The Wall Street Journal
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