O Brasil tem capacidade de desenvolver uma cadeia produtiva forte para a eólica offshore com conteúdo nacional, até mesmo em relação à logística dos equipamentos. Essa é a opinião dos especialistas que participaram da websérie “Novas Energias ? desenvolvimento de eólicas offshore no Brasil e a experiência holandesa”, promovida pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) em parceria com o consulado da Holanda, terça-feira (1).
No encontro on-line, Niels Veenis, cônsul-geral adjunto e chefe do Setor de Energia - Brasil do consulado geral dos Países Baixos no Rio de Janeiro, afirmou que uma das medidas mais importantes do governo holandês foi trabalhar com um planejamento, assegurando que isso dá garantia para desenvolvedores e leva confiança aos investidores, além de reduzir custos.
PUBLICIDADE
“O Brasil tem um potencial de 700 gigawatts para eólicas offshore, que é 10 vezes mais do que a Holanda", assinalou ele. O encontro, mediado por Fernando Montera, coordenador de Relacionamento de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, foi a primeira edição da nova websérie. Para este mercado, a federação promove também a websérie Óleo, Gás e Naval.
Elbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e vice-presidente do Conselho Global de Energia Eólica (Board of Global Wind Energy), destacou que o mundo busca cada vez mais, dentro do cenário de transição energética, investimentos que sejam alinhados com estratégias de ESG - Ambiental, Social e Governança (em português).
Segundo ela, o Brasil tem um desafio diferente de outras nações na busca pela economia de baixo carbono. “O país tem que fazer gestão não da escassez, e sim da abundância. Nós temos muito recurso e, por isso, vamos trilhar nesse caminho”.
Para Erick Aeck, diretor executivo da Van Oord – Brasil, o calcanhar de Aquiles na instalação de um parque offshore é a cadeia de suprimentos. “É extremamente importante, porque não seria preciso contar com importação de equipamentos. E estar próximo vai facilitar a implantação do parque”, explicou.
Diretor de Desenvolvimento de Negócios da SBM Offshore, Rafael Torres destacou que antes de fazer um parque grande e flutuante, primeiro é preciso tratar das eólicas offshore fixas. “O caminho é esse, à medida que vai crescendo a turbina, dominando a tecnologia e a manufatura dos componentes. A nossa ideia é até que seja possível brigar entre offshore flutuante e fixa. Esse tem sido o nosso objetivo a curto prazo”.
Fernando Montera ressaltou que as oportunidades de projetos de eólicas offshore no Brasil não se configuram como de curto prazo, mas que serão uma realidade no futuro. “Para a indústria estar apta a atender os projetos futuros, parte importante é trabalhar as sinergias com o mercado offshore hoje".