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Petroleiras têm pela frente o desafio de emitir menos gases

Depois dos anúncios feitos por diversos países, especialmente os desenvolvidos, na Cúpula de Líderes para o Clima, em abril, de que vão intensificar os esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a estratégia de produzir petróleo e gás de forma menos poluente e mais barata passa a ser um caminho para a sobrevivência das petroleiras nos próximos anos.

No mercado, o entendimento é de que o uso de combustíveis fósseis vai continuar, mesmo que em patamares menores e que demandem compensações das emissões.


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Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), as metas anunciadas na Cúpula triplicam as oportunidades de investimentos em energia na próxima década, porém mais da metade das soluções necessárias para alcançar esses objetivos terão que vir de tecnologias que ainda não estão prontas para uso comercial.

No Brasil, a Petrobras, principal produtora de óleo e gás, prevê no seu planejamento o “sucesso” do Acordo de Paris, tratado assinado em 2015 para manter o aquecimento global abaixo de 2º Celsius sobre os níveis pré-industriais.

Hoje, em meio à troca de comando, a estatal segue com a previsão de cumprir os objetivos ambientais do plano de negócios publicado no fim de 2020. A Petrobras revisa suas metas ambientais anualmente. O objetivo da empresa é reduzir as emissões de gases de efeito estufa absolutas em 25% até 2030, em relação a 2015. Para tanto, a companhia quer diminuir em 32% a intensidade de carbono nas atividades de exploração e produção até 2025, e ampliar a reinjeção de CO2 (dióxido de carbono), entre outras iniciativas, como redução na intensidade das emissões de metano.

Em geral, não há consenso sobre a melhor estratégia para as petroleiras lidarem com a transição energética. Com a ampliação dos esforços de descarbonização depois da Cúpula de Líderes, convocada pelo presidente americano Joe Biden, países responsáveis por quase 70% do produto interno bruto (PIB) global agora têm metas de zerar emissões até 2050.

Especialistas afirmam que isso deve acelerar o pico da demanda por petróleo e, assim, contribuir para a queda no preço da commodity. A AIE estima que o valor da produção mundial de óleo e gás até 2040 estava projetado entre US$ 20 trilhões e US$ 25 trilhões antes da pandemia. Agora, o valor é 24% menor e pode cair mais 34% se o mundo entrar na rota do desenvolvimento sustentável.

“O horizonte para o aproveitamento econômico das jazidas petrolíferas está ficando mais curto. Mesmo se apenas uma parcela dos compromissos anunciados for honrada, a tendência é de menor necessidade de petróleo nos próximos anos”, diz o professor do Instituto de Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Hélder Queiroz.

No caso da Petrobras, a estratégia para sobreviver na economia de baixo carbono é similar à de algumas companhias americanas: mitigar o impacto da atividade aumentando, por exemplo, os volumes de gás natural reinjetados nos campos durante a produção. O caminho é diferente do adotado pelas petroleiras europeias, que têm buscado investir em energias renováveis para se tornarem provedoras mais amplas de energia.

A americana ExxonMobil aposta no desenvolvimento de tecnologias de captura e armazenamento de carbono, além da redução de emissões de metano e outros poluentes. A Exxon acredita que a expansão das fontes renováveis é insuficiente para atingir as metas do Acordo de Paris, mas investe em eólica e solar para autoconsumo.

Companhias europeias, como Equinor e Shell, têm metas mais agressivas e querem zerar as emissões líquidas das operações até 2050. Elas investem na inclusão das renováveis ao portfólio, com projetos, inclusive, no Brasil.

A Equinor pretende ter, até 2030, mais de 15% dos investimentos anuais globais em renováveis. A norueguesa elegeu o Brasil para seu primeiro projeto solar, o parque de Apodi (CE), e avalia novos investimentos no país em solar fotovoltaica e geração eólica em alto mar. A Shell também vê o Brasil como um destino para geração renovável e tem, inclusive, outorgas para desenvolver projetos solares em Minas Gerais e na Paraíba.

A Petrobras tem optado por vender seus projetos de energia renovável, para focar nos ativos de produção e exploração de petróleo e gás mais competitivos.

A companhia prioriza projetos de baixo custo e que gerem menos emissões, dada a tendência de procura por combustíveis com menor teor de poluentes. Nesse cenário, a produção do pré-sal é competitiva, pela baixa composição de enxofre, o que o torna menos poluente. A Petrobras passou a aprovar apenas projetos lucrativos a um preço de barril abaixo de US$ 35, nível que considera compatível com o cumprimento do Acordo de Paris.

Segundo Carlos Pascual, vice-presidente sênior de uma das maiores consultorias do mundo na área de energia, a IHS Markit, as petroleiras que atuam no Brasil vão precisar ganhar competitividade. Para ele, os países que produzirem com menores custos e teor de carbono baixo vão se proteger melhor da volatilidade no barril nos próximos anos.

“Para a Petrobras e qualquer outra companhia que queira aproveitar o mercado de óleo e gás brasileiro a mensagem é muito clara: o que você quiser fazer para ganhar eficiência precisa ser feito agora”, disse em recente evento.

Antevendo as mudanças, o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) criou um comitê de transição energética. O objetivo é apoiar as empresas da indústria com pesquisas sobre a transição, que, segundo o IBP, é uma “realidade inexorável”. O instituto destaca a importância do gás natural, menos poluente do que o petróleo, e acredita que a indústria adotará tecnologias para o aumento da eficiência energética.

A maior pressão social por posturas ambientais rígidas das petroleiras se reflete na decisão de algumas delas em submeter seus planos para a transição energética às assembleias gerais de acionistas. Na Shell, isso vai ocorrer este ano, e na Equinor, a partir de 2022. Perguntada se fará o mesmo, a Petrobras não respondeu.

O sócio da área ambiental do BMA Advogados, Márcio Pereira, diz que nos Estados Unidos centenas de ações judiciais buscam responsabilizar petroleiras pela contribuição para mudanças climáticas. “Independentemente de um governo buscar a redução [de emissões], empresas prestam contas aos investidores”, afirma.

A contribuição do Brasil, manifestada na Cúpula do Clima, é reduzir as emissões líquidas totais em 43% até 2030, tendo como base o ano de 2005. O objetivo foi reforçado pelo presidente Jair Bolsonaro no encontro de líderes, quando também anunciou a intenção de antecipar a neutralidade climática do país para 2050.

Contudo, o que mais vai contar para o cumprimento das metas é o compromisso de acabar com o desmatamento ilegal até 2030.

Com um alto índice de renováveis na matriz elétrica, o país parte de uma base favorável para a transição na área de energia. Dados do Observatório do Clima de 2019 mostram que o desmatamento gera 44% das emissões brasileiras, seguido da agropecuária (28%) e do setor de energia (19%). Para a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a área de energia vai contar com mecanismos financeiros para recompensar a descarbonização, além de maior uso de biocombustíveis e gás natural.

Fonte: Valor






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