Um fato inédito chamou a atenção dos moradores de Santos (SP) no último dia 3 de maio. Ondas acima de 2 metros atingiram o até então protegido canal do Porto e causaram diversos estragos nas margens de Santos e Guarujá.
Na margem santista, a água invadiu a faixa de areia e a avenida da praia em diversos pontos, obrigando a prefeitura a interditar a via desde o canal 6 até atracador da balsa que faz a travessia entre as duas cidades. Um trecho de aproximadamente 1 quilômetro ficou completamente alagado.
Até aí, nenhuma grande novidade, pois a água costuma invadir esse trecho, talvez não com tanta intensidade, ao menos uma vez por ano, em média, quando ocorrem grandes ressacas aliadas às marés muitos cheias.
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O que realmente chamou a atenção foi a margem de Guarujá, nas praias do Góes e Cheira Limão, onde jamais foram vistas ondas tão grandes, com cerca de 2 metros, que atraíram uma multidão de curiosos para observar, além de um bom crowd de surfistas, que resolveu conferir mais de perto.
O que houve de diferente desta vez, além do swell e da maré cheia, muito provavelmente tem a ver com a conclusão do processo de dragagem na área, e que aprofundou o calado do canal do porto de 12 para 18 metros de profundidade.
Como as ondas se propagam mais rapidamente em águas mais profundas e perdem velocidade nas mais rasas, tudo indica que a mesma profundidade que facilita a entrada de navios maiores, também está facilitando a entrada das ondas pelo canal.
Ao mesmo tempo, segundo alegam alguns moradores da Ponta da Praia, a construção dos piers na margem santista alterou a correnteza, fazendo a areia, anteriormente depositada próximo às muretas de proteção da calçada, ir para a margem guarujaense, tornando-a mais rasa e, portanto, mais propícia para fazer quebrar as ondas.
De fato, depois da conclusão de cada fase da dragagem do canal, deu para notar ondas mais constantes no local a cada swell. Este último, maior do ano até agora, não deve ser o maior da temporada.
Neste final de semana está prevista a entrada de um novo swell talvez ainda maior na região. E ninguém sabe o que pode acontecer no local, só imaginar.
É importante lembrar que muitos surfistas já moram nas redondezas da margem guarujaense e compõem a maior parte do crowd. Então, a mensagem para acelerados de plantão que forem conferir o pico é chegar com todo o respeito e calma.
Fonte: Waves/Herbert Passos Neto