O aumento significativo do tempo de espera para atracação e embarque de navios porta-contêineres nos 17 principais terminais brasileiros em 2010 provocou mais de 850 cancelamentos de escalas, ante 457 no ano anterior. O tempo de espera tem aumentado significativamente em função da falta de investimentos em infraestrutura, sobretudo novos terminais e “berços” de atracação.
Os dados foram levantados pelo Centro Nacional de Navegação – Centronave, entidade que representa as principais empresas de navegação em operação no país no segmento de contêineres. Em conjunto, os navios porta-contêineres operados por essas empresas fazem 30 mil escalas anuais nos portos brasileiros e são responsáveis por 75% do transporte do comércio exterior do país.
Os cancelamentos de escalam geram prejuízos incalculáveis tanto para armadores como para os exportadores e importadores, que ficam impossibilitados de cumprir seus embarques nos prazos estipulados. O Centronave tem alertado as autoridades para a necessidade de ampliar os investimentos na infraestrutura portuária, sob o risco de o país sofrer um colapso logístico.
“À medida em que o país se desenvolve e precisa ganhar competitividade, esses gargalos ficam mais evidentes. É preciso agir, e rápido”, alerta Elias Gedeon, diretor-executivo do Centronave.
De acordo com o levantamento do Centronave, o total de atrasos nas operações de embarques e desembarques em 2010, ocasionados pelo congestionamento nos terminais, alcançou quatro mil dias – computando todas as horas que os navios das empresas de navegação associadas foram obrigados a aguardar ao longo do ano.
O segmento de navegação calcula que, somente em Santos, os sobrecustos causados pelos atrasos em 2010 podem ter chegado a US$ 95 milhões ao ano – pressionando o chamado “custo-Brasil”. A “conta” é paga por toda a cadeia produtiva, que perde competitividade e produtividade.
O gargalo tende a aumentar na mesma proporção em que o nosso comércio exterior se expande com a gradual retomada da economia mundial. Nos últimos dez anos, o volume de contêineres movimentado nos terminais de Santos avançou 215%, enquanto houve aumento de apenas 6% no comprimento dos berços de atracação e de 49% na área alfandegada – o que explica o aumento nos congestionamentos.
Dados do Ipea indicam que o país precisaria investir cerca de R$ 40 bilhões em uma década para eliminar os gargalos portuários. Hoje, o país investe uma parcela ínfima em portos do total que é destinado à infraestrutura. Esse total é de apenas 0,9% do PIB, enquanto outros países em desenvolvimento chegam a investir 5%.
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