O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, defendeu a necessidade de o Brasil priorizar a indústria de transformação nas relações comerciais com a China. Em artigo publicado nesta segunda-feira (19), Alban, destacou que, apesar de representar apenas 14,4% do PIB, a manufatura responde por quase metade das exportações de bens e serviços do país, mais de 60% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e um quarto da arrecadação de tributos federais.
Ele argumenta que o setor agropecuário, embora relevante, não deve ser o único foco na parceria com o país asiático. Em 2024, a China foi o principal destino das exportações brasileiras, com US$ 94,4 bilhões, e também a principal origem das importações, totalizando US$ 63,6 bilhões. No entanto, no segmento industrial, o Brasil teve um déficit de R$ 45 bilhões.
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Para reverter esse quadro, Alban propõe uma estratégia voltada à inovação, diferenciação de produtos e adoção de tecnologias avançadas. Ele também defende o estímulo ao encadeamento produtivo nos investimentos chineses no Brasil, com a instalação de fábricas e centros de pesquisa no país. Destaca iniciativas recentes, como a chegada de empresas dos setores automotivo e eletrônico e o projeto da Windey Energy no Senai Cimatec, voltado a energias renováveis e armazenamento de energia.
Alban alerta que o Brasil não pode se limitar a exportar matérias-primas para que outros países, como a China, transformem em produtos finais. Ele cita o exemplo da exportação de etanol para conversão em combustível de aviação como um sinal de que o país precisa fortalecer sua capacidade industrial. Para ele, acordos bilaterais devem incluir condições que favoreçam a produção e exportação de manufaturados brasileiros, e não apenas a ampliação das importações.