Após quase 100 dias da interrupção da dragagem de berços do Porto de Santos, foi definida a contratação de uma empresa – a Dratec Engenharia – para retomar o serviço. A decisão foi tomada na sexta-feira (18), durante reunião da diretoria-executiva da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), estatal que administra o cais santista.
No entanto, ainda não há uma data prevista para o início dos trabalhos porque, apesar do aval, a assinatura do contrato ainda depende de uma autorização do Conselho de Administração (Consad), que irá se reunir na próxima quinta-feira(24).
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A Dratec era a firma responsável pelo serviço em dezembro do ano passado, quando decidiu interrompê-lo. Depois, resolveu participar da licitação promovida pela Docas para a retomada da obra. A companhia chegou, inclusive, a reduzir seu preço de R$ 24 milhões para R$ 20,9 milhões. Mesmo assim, o valor ainda é superior aos R$ 17 milhões previstos pela Docas.
Havia uma proposta menor, de R$ 21,5 milhões, apresentada pela EEL Infraestruturas. Entretanto, a firma foi inabilitada pela comissão de licitação. Após a habilitação da Dratec, três concorrentes entraram com recursos questionando a decisão da Docas. Eles foram analisados e negados pela Superintendência Jurídica da estatal.
A instalação da BTP foi uma das que foram afetadas pela interrupção da dragagem de berços em dezembro
A contratação da dragagem de berços do Porto de Santos é uma prioridade para os executivos da Autoridade Portuária. Com a interrupção do serviço por mais de três meses, o temor passou a ser de que o assoreamento (deposição de sedimentos) force a redução do calado operacional dos pontos de atracação.
A questão é ainda mais preocupante nesta época do ano. Tradicionalmente, o primeiro trimestre é um período chuvoso, quando o acúmulo de sedimentos (trazido pelas águas pluviais) tende a ser maior. Se a obra não for retomada rapidamente, a tendência é que os esforços de dragagem da gestão anterior sejam perdidos.
A previsão do diretor de Engenharia da Docas, Antonio de Pádua de Deus Andrade.,é de que os trabalhos sejam retomados após a Semana Santa, em cerca de duas semanas. Segundo o executivo, garantir a infraestrutura aquaviária é uma prioridade da Autoridade Portuária.
Essa urgência pode ser explicada pela pressão de empresários que estão preocupados com as condições operacionais dos pontos de atracação. A Brasil Terminal Portuário (BTP), que fica na Alemoa, e o Ecoporto Santos, no Saboó, já registraram perda de calado e impactos operacionais.
A cada centímetro de redução no calado (profundidade a ser alcançada) de um navio conteineiro, deixa-se de carregar de sete a oito contêineres. Em embarcações graneleiras, a cada centímetro reduzido no calado, não são embarcadas 100 toneladas. A estimativa leva em conta navios dos tipos Cape Size ou Panamax.
Canal
Até o final da próxima semana, a Docas espera ter concluído o termo de referência que dará origem ao edital para a contratação de outra dragagem, a dos trechos 2, 3 e 4 do canal de navegação do Porto, disse Pádua. Trata-se da região que vai do Entreposto de Pesca (Ponta da Praia) até a Alemoa.
A obra, que engloba a manutenção da profundidade no canal e nos acessos aos berços de atracação nos três trechos, será licitada novamente pela Docas. Isto porque o contrato com a Van Oord Operações Marítimas foi encerrado no mês passado, estando até agora paralisado.
De acordo com o gerente de Licitações e Contratos da Van Oord, Erick Aeck, a firma holandesa deve participar da licitação. “No meu ponto de vista, o contrato poderia ser renovado. Até agora, não recebemos nem um comunicado formal sobre esse assunto”.
Segundo o executivo, o contrato para a dragagem do trecho 1 do canal de navegação (que vai da entrada da Barra de Santos até o Entreposto de Pesca), firmado também com a Van Oord, é outro que pode ser renovado. Ele vencerá no início do próximo mês. “Acredito que há tratativas para a renovação. É do interesse de todas as partes continuar o serviço”.
A Van Oord é a mesma firma que foi chamada pela Secretaria de Portos (SEP) para assumir a dragagem global do Porto, em um contrato de três anos. A companhia pediu R$ 369 milhões pelo serviço.
Fonte: A Tribuna Online