De São Paulo - A ALL ainda negocia com o governo federal a devolução de dois trechos de sua malha ferroviária no país, os quais serão levados a novas licitações - conforme as novas diretrizes definidas para o setor em 2012. O objetivo do governo é acabar com o monopólio nos trechos e ampliar o número de operadores. Para isso, decidiu retomar alguns trechos de ALL, MRS Logística e Vale, arrematados por essas empresas em leilões de 1996 e 1997 e que avaliou, em alguns casos, com baixa utilização atualmente.
O presidente da ALL, Alexandre Santoro, informa que as conversas estão indo bem com o governo, mas evitou falar em detalhes do acerto. As negociações estão mais avançadas em relação ao trecho Sul - que vai do interior de São Paulo a Porto Alegre, numa extensão de 1,5 mil km, passando pelo porto de Rio Grande. Em entrevista recente ao Valor, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, disse que já havia um acordo.
Conforme apurou o Valor, a ALL negocia direito de passagem para os trens da ALL, bem como garantia de fluxo durante as obras do novo concessionário. Além disso, a empresa busca outras compensações. Santoro evitou dar informações sobre as contrapartidas - se seria financeiras ou de alongamento do prazo de outras concessões.
Outra frente de discussão com o governo - considerada por fontes do setor como a mais complicada -, abrange o trecho entre Campinas e o porto de Santos. Nesse ponto, a ALL trafega cerca de um quarto da carga que transporta por ano, levando grãos, como soja e milho do Centro-Oeste. "As conversas, nessa parte, estão menos adiantadas, mas estão indo bem".
Segundo informações já dadas pela ALL a seus investidores, a empresa teria alocado ali pelo menos R$ 3 bilhões. E há, no momento, uma duplicação em curso que envolve uma parceria com a Rumo Logística, do grupo Cosan. O governo terá de fechar acordo semelhante sobre o acesso a Santos pelo lado Norte, operado pela MRS.
Sobre as concessões na Argentina, que foram canceladas pelo governo Kirchner, Santoro diz que a companhia não pretende recorrer à Justiça. "Não tem nada no horizonte de briga ou discussão judicial", diz Santoro. Ele ressalta, no entanto, que pode rever a questão para se defender de alguma demanda do governo por acusação de poucos investimentos, por exemplo. "Mas se encerrarmos esse capítulo da maneira como está sendo encerrado, para nós é melhor". (IR e FP)
Fonte: Valor Econômico.
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