A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) avalia que, se o governo federal não acelerar os investimentos na expansão da malha ferroviária nacional, o setor chegará, já em 2012, a um estrangulamento, dentro dos padrões nos quais opera hoje. Otimista, porém consciente das dificuldades e da carência de recursos, o diretor-executivo da entidade, Rodrigo Vilaça, acredita que, até 2015, a malha ferroviária nacional poderá atingir 35 mil quilômetros, ante os 28,5 mil quilômetros atuais. Espera ainda que, até 2020, as linhas possam chegar a 40 mil quilômetros.
Diante dessa expectativa, os investimentos das concessionárias em 2010 devem se aproximar dos R$ 3 bilhões. "Com a ampliação da malha ferroviária e com os recursos disponíveis das concessionárias, esperamos dar um salto na produtividade", diz Vilaça. De acordo com ele, se as linhas férreas crescerem para 35 mil quilômetros até 2015, a carga transportada poderá passar das atuais 460 milhões de toneladas úteis por ano para mais de 600 milhões de toneladas úteis.
Isso quer dizer que, de acordo com o executivo da ANTF, o volume da carga transportada pelo setor (minérios, produtos siderúrgicos, derivados de petróleo e álcool, produtos do agronegócio e insumos da construção civil, principalmente), em relação a tudo que é movimentado no país, cresceria de 26% para 28% em cinco anos.
O BNDES estima que o setor ferroviário deverá receber R$ 29 bilhões em investimentos até 2013. Mas é bom lembrar que, entre 1996 e 2009, o governo federal investiu R$ 1,14 bilhão, enquanto as concessionárias aplicaram nesse mesmo período R$ 20,96 bilhões.
Mas a carência de recursos públicos não está restrita apenas ao setor ferroviário. Para dotar o país de um sistema rodoviário eficiente, seriam necessários mais de R$ 180 bilhões, de acordo com o Ipea. E o PAC prevê apenas 13% desse montante. O BNDES avalia, no entanto, que o setor receberá aporte de R$ 33 bilhões entre 2010 e 2013.
A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) prefere não falar em investimentos futuros. Moacyr Duarte, presidente da entidade, acredita que todo e qualquer investimento trará redução de custos no transporte, porque ele está diretamente ligado ao tempo de viagem, entre outros fatores. Ele lembra que, entre 1996 e 2009, o setor investiu R$ 19,13 bilhões. (V.G.)
Fonte: Valor
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