A HRT está negociando a venda de participação do polo de Aruã, na Bacia de Solimões, no Amazonas, com empresas brasileiras. A afirmação é de Milton Franke, presidente da empresa. Segundo Milton, a companhia busca parceiro para contribuir com um terço do investimento necessário para desenvolver esse ativo. O valor do investimento não foi revelado pelo executivo.
Ontem, a empresa informou ao mercado a conclusão de mais um passo na direção da venda de ativos da sua empresa de logística aérea, a Air Amazonia. A petroleira celebrou termo de compromisso vinculante com a americana Erickson Air-Crane, que negocia a transferência de 14 helicópteros, que depois de vendidos prestariam serviços de logística aérea para as operações da HRT no Solimões por três anos.
O acordo substitui o termo de compromisso não vinculante anunciado pela empresa em 6 de novembro de 2012. O valor para a transação deverá ficar entre US$ 65 milhões e US$ 75 milhões. A HRT espera finalizar o negócio no segundo trimestre deste ano.
Além dos 14 helicópteros, a Air Amazonia tem ainda quatro aeronaves que não estão incluídas no acordo. Relatório do Itaú BBA publicado ontem afirmou que o valor negociado parece estar "levemente acima" do valor contábil dos ativos. Isso porque o valor contábil dos 14 helicópteros e das quatro aeronave juntos somam R$ 134 milhões (ou US$ 69 milhões), de acordo com balanço financeiro do quarto trimestre da HRT, divulgado no início desta semana.
O Itaú destacou, no entanto, que não tem como entender a real atratividade do negócio, visto que as companhias não divulgaram o pagamento mínimo previsto para a Erikson Air-Crane pelos serviços de transporte e os custos envolvidos. Franke destacou que a venda da companhia faz parte da estratégia da HRT de focar na atividade de óleo e gás.
Tanto a venda de participação no Solimões, quanto a venda dos ativos da companhia aérea fazem parte de um plano de desinvestimento da empresa em busca de fortalecer o caixa para suportar o desenvolvimento dos ativos da empresa. O mercado acompanha com atenção a posição de caixa da HRT, que tornou-se uma preocupação devido à falta de descobertas de petróleo.
Segundo o Itaú, a alta queima de caixa e a os compromissos de altos investimentos futuros levaram a HRT a decidir vender ativos e participações. A companhia informou que planeja vender ainda as quatro aeronaves, além de participações e ativos no Brasil e na Namíbia, África.
"A conclusão desse acordo [com a Erickson Air-Crane] vai ajudar a reduzir a pressão no balanço financeiro da HRT", disse o relatório do Itaú BBA. Ontem o mercado reagiu bem a notícia. As ações da HRT tiveram alta de 5,29%, para R$ 3,78. No ano, as ações somam queda de 20,08%.
Franke, que fez palestra no 4º Rio Gas Forum, evento sobre o setor de gás, no Rio de Janeiro, confirmou que o foco da companhia neste ano será encontrar petróleo. Até agora, a empresa perfurou dez poços na Bacia do Solimões, onde encontrou gás em sete deles. A empresa tem também licenças de exploração na Namíbia, África, onde deve iniciar a perfuração do seu primeiro poço em meados deste mês.
A expectativa da empresa é encontrar óleo no 11º poço a ser perfurado pela HRT no Solimões, segundo o executivo, no prospecto de Cajazeira. A perfuração tem previsão para começar também em meados deste mês e durar cerca de 50 dias.
Franke reiterou que a empresa está trabalhando para desenvolver uma forma de monetizar o gás encontrado na Bacia do Solimões, dentro da Floresta Amazônica. Segundo ele, há atualmente quatro grupos trabalhando para desenvolver cerca de oito possibilidades para escoar o gás da região. Os grupos foram criados por uma parceria entre a HRT, a TNK-Brasil e a Petrobras.
Além do escoamento do gás, Franke admitiu que há ainda alguns desafios para serem vencidos, como buscar a demanda para o gás produzido pela companhia. Atualmente, a Petrobras pode produzir um volume de gás muito mais representativo na Amazônia, mas não o faz porque não há demanda na cidade de Manaus, que consome quase que totalmente o gás para a geração termelétrica. A indústria na região está apenas iniciando o seu consumo, com uma malha de gasodutos ainda pequena.
Durante sua apresentação, Franke frisou que o mercado brasileiro tem um potencial muito grande de desenvolvimento para o gás natural. Ele destacou ainda que o ano de 2013 será muito importante para a companhia. "Nos preparamos em 2012 para o ano de 2013", disse Franke.
Fonte: Valor Econômico/Marta Nogueira | Do Rio
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