A brasileira Kepler Weber, fabricante de equipamentos para armazenagem e movimentação de granéis, encerrou o segundo trimestre de 2016 com prejuízo líquido de R$ 7,5 milhões, ante lucro líquido de R$ 600 mil no mesmo período do ano passado. A receita líquida da companhia também teve resultado inferior: recuou 48,5% na mesma comparação, para R$ 88,3 milhões.
O desempenho negativo refletiu o difícil período pelo qual atravessa o setor, sobretudo devido à crise político-econômica e à piora das condições de crédito para a aquisição de equipamentos para armazenagem. "Para investir, o produtor precisa estar em um ambiente de negócios favorável, o que não acontece desde meados de 2015", disse ao Valor Olivier Colas, vice-presidente e diretor de relações com investidores da Kepler Weber.
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Colas lembrou que o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), lançado em 2013 pelo governo federal, ainda está vigente, mas com regras diferentes. As taxas de juros, inicialmente em 3,5% ao ano, aumentaram para entre 7,5% e 9,5% e houve uma redução dos recursos disponíveis.
"O programa está difícil de ser viabilizado, os bancos estão com uma política restritiva de crédito. Quem tem comprado é quem tem dinheiro em caixa", disse Colas. Até o primeiro semestre de 2015, 85% da carteira de pedidos da Kepler vinha por meio do PCA. Hoje, são menos de 50%. A conjunção de fatores desfavoráveis conta ainda com a recente quebra na safra de milho.
No acumulado do primeiro semestre, a Kepler teve receita líquida de R$ 204,08 milhões, queda de 27% ante o mesmo intervalo de 2015. No segmento de armazenagem, a redução foi de 41%, a R$ 121,56 milhões. Já a receita das exportações cresceu 58,8% no período, para R$ 45,4 milhões, beneficiada pelo câmbio e por negócios firmes na América Latina e no Leste Europeu, além da África. A companhia também continua com seu plano de diversificação, em negócios de movimentação de granéis sólidos e peças de reposição.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ficou negativo em R$ 7,5 milhões no segundo trimestre, ante Ebitda positivo de R$ 3,45 milhões no mesmo período de 2015. A margem Ebitda, por sua vez, passou de 2% positiva para 8,5% negativa. Colas admitiu que o mercado atravessa um momento "extremamente difícil", mas ressaltou que a Kepler se estruturou para passar por essa crise.
O nível de despesa total caiu 18,5%, a R$ 19,65 milhões, e a dívida líquida encerrou o trimestre negativa (com caixa superior ao endividamento) em R$ 17,3 milhões. "O ambiente político-econômico mais claro tende a trazer mais confiança na economia, e o segundo semestre é também tradicionalmente melhor ", afirmou Colas.
Fonte: Valor