Preservar a ponte de comando do navio de pesquisas oceanográficas Professor W. Besnard, permitindo que o público possa visitá-la. E tornar o restante da embarcação um recife artificial. Essa é a proposta da Prefeitura de Ilhabela para o navio, revelada pelo prefeito Antônio Luiz Colucci (PPS) na última quarta-feira (23), quando esteve em Santos, inspecionando-o, a fim de averiguar suas condições.
Colucci estava acompanhado por técnicos da Prefeitura e pelo diretor da Praticagem de São Paulo Fábio Fontes, defensor da preservação do Besnard – que está atracado no cais entre os armazéns 7 e 8 do Porto de Santos.
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De acordo com o prefeito, o destino planejado para o navio – de propriedade da Universidade de São Paulo (USP) e que, durante décadas, contribuiu para suas pesquisas oceanográficas – tem viés educativo e solene. Sua proposta prevê que os equipamentos da embarcação ficarão expostos no Museu do Naufrágio, em Ilhabela.
“Há cinco anos ficamos interessados no Professor W. Besnard. Quando ficamos sabendo que o navio seria desmontado, fizemos uma nova proposta à USP”, afirma o prefeito.
Durante a inspeção a bordo, o Colucci pode observar que salas, cabines e mobiliário permanecem intactos, mas terão de ser retirados para o afundamento. A embarcação também terá de passar por uma descontaminação, a fim de não causar danos ao meio ambiente quando for deixado no fundo do mar, na costa de Ilhabela.
Sobre essa parte do projeto, o chefe do Executivo municipal afirmou que mergulhadores locais estão sendo consultados sobre a melhor localização para coloca a estrutura metálica, mas nada foi definido.
Em relação às negociações com a USP, o prefeito diz que apresentou a proposta de doação e espera “retirar o navio do cais assim que possível”. Ele afirma que já está buscando parcerias para financiar o transporte da embarcação.
A visita foi acompanhada pelo prático santista Fábio Mello Fontes, que viajou na embarcação em três expedições à Antártida. “Dá um pouco de tristeza vê-lo assim, pois vivi muitos momentos alegres a bordo do Besnard. Estou ajudando para que ele tenha um fim mais digno”.
Segundo Fontes, a ideia é rebocar o navio até Ilhabela e realizar uma explosão controlada do casco, deixando-o submerso em uma profundidade entre 15 e 25 metros.
Universidade
A negociação sobre o destino do navio segue entre Colucci e o diretor do Instituto Oceanográfico da USP, Frederico Brandini. Segundo o representante da universidade, já houve propostas para doação do navio que, por conta dos gastos relacionados ao transporte, não foram concluídas.
Brandini salientou que, devido à idade e ao estado de conservação, o navio requer investimentos para o reboque e manutenções.
A transformação da ponte de comando (sala onde os oficiais pilotam o navio) em uma atração do Museu do Naufrágio e o afundamento do restante da estrutura são ideias “simpáticas” ao diretor, que aguarda até a próxima reunião do Conselho Universitário para pedir a baixa de patrimônio da embarcação. Até lá, cabe à Prefeitura de Ilhabela confirmar o interesse.
Objetos do navio ainda úteis ao Instituto Oceanográfico para fins didáticos (como o timão e cartas de navegação) e operacionais (geradores e guinchos) devem ser retirados e mantidos como patrimônio da universidade.
Fonte: Tribuna online/DANIELLE CAMEIRA