A construção do porto na Ponta do Poço, em Pontal do Paraná, e uma nova via férrea entre Curitiba e Paranaguá são obras essenciais segundo estudo sobre portos brasileiros.
Há dois projetos para o porto em Pontal, um privado e outro do Governo do Paraná. A disputa entre as duas propostas acabou por paralisar a implantação do terminal. Em relação à ferrovia, a empresa do Governo do Paraná, Ferroeste, defende a contrução de uma nova estrada, mais moderna, eficaz e pública.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta segunda-feira (15), em um documento que aborda os principais aspectos econômicos e institucionais que têm envolvido o setor nos últimos anos. O comunicado “Portos Brasileiros: Diagnósticos, Políticas e Perspectivas” analisa todos os portos do pais e destaca as tarifas mais baratas como vantagem competitiva do Porto de Paranaguá.
A diferença de valores para a movimentação, descarga e baldeação de granéis, por exemplo, chega a 158% na comparação entre o Porto de Paranaguá (R$ 1,7 por tonelada) e o Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul (R$ 4,4 por tonelada).
No total cobrado pela movimentação dos veículos, tanto nas tarifas de Infraestrutura Marítima – Inframar – quanto nas de Infraestrutura Portuária – Infraport –, apenas Paranaguá e Santos apresentam valores menores que a média brasileira (R$ 8,40 por veículo). O custo no porto paranaense é de até R$ 8,00 por carro movimentado, quase 34% inferior ao preço praticado nos portos baianos de Salvador e Aratu (R$ 12,64).
De acordo com a publicação, os resultados encontrados para tarifas totais de movimentação acompanham diretamente a classificação dos portos com relação ao comércio internacional, realizada pelo Ipea no ano passado. “Este resultado indica que o elemento custo do serviço portuário pode ter uma influência significativa sobre a decisão dos clientes, importadores e exportadores, a respeito do porto a ser utilizado no comércio internacional, devendo ser um ponto de atenção por parte das autoridades gestoras dos portos”, diz um trecho do estudo.
“Significa que os portos mais bem classificados no ranking são aqueles que apresentam as tarifas mais baixas”, explica o diretor do instituto na área de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura, Marcio Wohlers.
OBRAS – A realização de novas construções, ampliações e reformas foram apontadas como essenciais para o desenvolvimento de uma estrutura portuária competitiva e um desafio para o poder público. Ao todo, foram identificadas a necessidade de 133 obras nos portos de todo o País, 45 obras de acessos terrestres, 46 de dragagem e derrocamento e 41 de infraestrutura portuária, totalizando investimentos de R$ 42,88 bilhões.
Trinta portos brasileiros foram identificados pela necessidade de execução de serviços de dragagem. Ao todo, o investimento necessário seria de R$ 1,43 bilhão, correspondendo a 49,3% das necessidades identificadas nesta categoria. Segundo as fontes usadas no estudo, é necessário um total de R$ 2,78 bilhões em investimentos para realizar 46 obras fundamentais para o funcionamento eficiente do setor portuário nacional.
Entre os portos que mais apresentaram problemas relativos às áreas portuárias, o comunicado enumera os portos de Santos, Vitória, Itaqui, Pecém e Rio Grande, que juntos respondem por quase 40% das demandas identificadas.
As más condições das vias internas dos portos também chamaram a atenção dos estudiosos do Ipea. Entre os terminais que demandam um maior volume de investimento nessa categoria, estão: o porto de Santos (15,2% dos gargalos), o porto de São Francisco do Sul (13%), o porto de Areia Branca (10,3%) e os portos fluminenses de Itaguaí, do Rio de Janeiro e porto Norte Fluminense, que juntos somam 27,5% das necessidades por essas obras.
Para o diretor técnico dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), André Cansian, os investimentos feitos ao longo dos últimos sete anos foram grandes diferenciais e tornaram os terminais paranaenses mais competitivos. “Com recursos próprios, a Appa recuperou as vias de acesso e mudou a logística portuária. A continuidade das mudanças e avanços garante obras importantes, como o aprofundamento dos berços do cais, que já está licitado e homologado”, ressalta.
Fonte: Correio do Litoral
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