No início de novembro, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos, passou por uma mudança em sua diretoria. José Alex Botelho de Oliva assumiu a presidência da entidade, indicado pelo ministro dos Portos, Helder Barbalho. Em entrevista ao G1 e à TV Tribuna, afiliada da Rede Globo na Baixada Santista e no Vale do Ribeira, o dirigente falou pela primeira vez sobre as projeções para o setor, fez um balanço de 2015 e comentou assuntos polêmicos, como a dragagem do canal do estuário, o assoreamento das praias e a crise pela qual passa o País.
Alex Oliva, como é mais conhecido, é mestre em Engenharia de Transporte e Logística e Engenharia Oceânica, tendo atuado anteriormente como secretário de Fomento do Ministério dos Transportes e superintendente de Navegação Interior da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq).
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Crise
"Sou otimista. Crises foram feitas para sermos inteligentes, para sabermos se somos ou não capazes. Não posso ficar no meio-fio chorando. Sendo o Porto de Santos essa potência, precisamos pensar à frente, numa infraestrutura para daqui a 5, 10, 15 anos. O Porto consegue passar por essas crises com eficiência. Onde todos estão reclamando, nós estamos trabalhando. À medida em que eu trabalho e produzo, não tenho o que temer".
Projeção
"O Porto de Santos está mostrando que pode superar dificuldades. O ano de 2015 foi difícil, mas não deixamos de trabalhar coletivamente e, nos últimos três meses, batemos recordes. Isso dá credibilidade ao Porto e aos empresários que o utilizam. Vale lembrar que o Porto de Santos movimenta 27% da economia de todo o País. Nós temos uma responsabilidade muito grande. O Brasil precisa de nós. O Porto não vai fugir de suas obrigações, vamos superar as dificuldades. 2016 será de grandes desafios. Isso nos dá mais motivação para superar esses desafios. A superação é o êxito de um trabalho bem feito".
Dragagem
"A dragagem do Porto de Santos já é prioridade. Nós temos um contrato com a USP que nos dá a medida exata do calado que o Porto pode ter. Nós temos um contrato de dragagem que está sendo capitaneado pela Secretaria de Portos, estamos na fila. Mas, independentemente da dragagem que a secretaria está fazendo, nós temos as nossas, nos berços, para aprofundamento. Vamos contratar para adequar a profundidade do berço à do canal. A dragagem é uma constante e temos que cuidar sempre, para não cair o padrão que Santos oferece. Existe um desejo que se chama Santos 17. Quiçá em 2017 nós tenhamos uma profundidade de 17 metros. Estaremos fazendo a nossa parte, trazendo a iniciativa privada para fazer isso. Vamos transformar esse sonho em realidade".
Dragagem como causa do assoreamento das praias
"O problema é que temos muito ‘achismo’. Ninguém encontra nenhum motivo prático ou números. Nós vamos buscar números e fatos para provar que o assoreamento das praias não é exclusivamente culpa da dragagem. Em 1925, a região era uma área de chácaras, não existia área urbana, aterramento. Tudo isso mudou a geomorfologia do local. Ao atribuirmos apenas à dragagem, nós estamos omitindo todo esse cenário que mudou na Ponta da Praia. Isso tudo tem que ser contemplado nesse estudo, o que cada um tem de parcela nesse assoreamento. Chega de ‘achismo’, vamos fazer um estudo para resolver isso".
Leilão de portos públicos
"O leilão foi ótimo. Significa que o Porto de Santos está vivo, pulsante, que vai ter dois grandes anos daqui para a frente. Teremos grandes empresas trabalhando aqui, que pretendem movimentar R$ 2 bilhões. Isso é emprego, sair da crise. Minha ação de hoje tem que ser pautada no futuro que queremos ter".
Obras de acesso ao Porto
"O Porto tem um plano de prioridades, e uma dessas prioridades é fazer obras de infraestrutura, para que, em 2017, estejamos preparados para exportar o que foi reprimido em 2015 e é pretendido para 2016. É um contexto, não uma ação isolada".
Fonte: Do G1 Santos/Ivair Vieira Jr