Sustentado pelo avanço das exportações de commodities, o porto de Santos (SP) reverterá a queda na movimentação de cargas sofrida em 2014 e deverá encerrar o exercício com alta de 7,1%, próximo a 119 milhões de toneladas. Confirmada a previsão, o cais santista baterá seu recorde histórico, superando em 4,3% o volume de 2013, até então o melhor ano do porto, com 114 milhões de toneladas.
A estimativa foi divulgada ontem pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), estatal que administra o porto - o maior do país e que escoa cerca de 25% da balança comercial em valor.
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O resultado superará o cenário otimista traçado no fim de 2014 pela Codesp para o ano, de 117 milhões de toneladas. A estimativa é que os embarques cresçam 13,1% neste ano, para 86,6 milhões de toneladas, principalmente devido aos embarques de açúcar, soja e milho, impulsionados pelo câmbio favorável. Na mão inversa, as importações devem cair 6,4%, para 32,3 milhões de toneladas.
A movimentação de contêineres, onde são transportadas as cargas de maior valor agregado, contudo, reflete a dificuldade oriunda da crise econômica. A perspectiva é que neste ano a movimentação não cresça e repita o desempenho de 2014, ficando em 3,6 milhões de Teus (unidade padrão de um contêiner de 20 pés). O resultado é fruto da fraca performance dos contêineres de longo curso (importação e exportação) compensado pelo bom desempenho das trocas domésticas (cabotagem).
No acumulado do ano até novembro, último dado consolidado, o volume de contêineres chegou a 3,4 milhões de Teus, mas os de comércio exterior registraram leve queda de 0,3%, fechando em 2,807 milhões de Teus. Já a movimentação na cabotagem avançou 22,9%, para 680 mil Teus. Santos concentra cerca de 40% do volume nacional de contêineres.
Segundo a Codesp, o fluxo de navios em 2015 deve cair 0,8%, para 5,1 mil embarcações. Porém, a produtividade média - calculada pelo total de carga movimentada frente o número de navios atracados para operação - aponta para um crescimento de 7,5%. Sairá de 22,5 mil toneladas/navio para 24,2 toneladas por navio.
"A manutenção das profundidades tem importância estratégica para a produtividade nas operações de carga e descarga", disse o diretor de Engenharia da Codesp, Antonio Andrade, em nota. A empresa manteve, via três contratos de dragagem, o calado operacional em 13,2 metros em quase toda extensão dos 24,5 quilômetros do canal de navegação.
O presidente da Codesp, Alex Oliva, disse, também em nota, que a meta para 2016 é "estabelecer as condições adequadas para atrair os investimentos privados nos terminais portuários". No dia 9 foram leiloadas no porto as primeiras três áreas do programa de arrendamentos do governo. Apesar de as outorgas - R$ 430,6 milhões - não ficarem com a Codesp, como sempre ocorreu, a estatal receberá R$ 1,027 bilhão pelo arrendamento ao longo de 25 anos de cada uma das três áreas leiloadas. Outros R$ 608 milhões terão de ser investidos pelos arrendatários nas áreas arrematadas.
Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pires | De São Paulo