A Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport) não vai expandir tão cedo seu terminal para contêineres no porto de Santos (SP), devido às dificuldades da economia. A companhia, que tem como maior acionista a Odebrecht TransPort, disse que o terminal "está concluído e não demanda mais investimentos e, consequentemente, recursos dos acionistas".
A empresa está negociando com os credores "um alongamento do seu financiamento de longo prazo", processo que deve ser concluído até novembro deste ano. Questionada pelo Valor, a Embraport não respondeu se está nos planos a venda do terminal. A Embraport é uma sociedade entre a Odebrecht TransPort (com 66,7%) e a Dubai Port World (33,3%), operadora mundial de terminais de contêineres.
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O empreendimento consumiu R$ 1,8 bilhão e por conta da variação do dólar a dívida real hoje é de R$ 2,2 bilhões. Mas não há inadimplência junto aos credores, garantiu a empresa.
A Embraport afirmou também que não há vínculo direto da empresa com a construtora Norberto Odebrecht, uma das empreiteiras envolvidas na Lava-Jato.
A outorga de autorização concedida à Embraport para operar um terminal de uso privado (TUP) em Santos foi dada em 2001 pelo Ministério dos Transportes e já previa a configuração final do empreendimento. Seria uma instalação maior que a atual, com, por exemplo, um cais de quase um quilômetro ante os 653 metros atuais, e instalações para outros tipos de carga. Mas a empresa decidiu tocar a obra por fases conforme a demanda.
As autorizações para a operação de TUPs dadas antes da criação da agência reguladora do setor, a Antaq, não previam um cronograma poro fases, algo que deve ser revisto, apurou o Valor.
O terminal foi inaugurado em 2013 com capacidade para 1,2 milhão de Teus (contêiner de 20 pés) por ano; com a expansão física, a meta era chegar a 2 milhões de Teus - a mesma oferta do maior terminal do Brasil, o Tecon Santos, seu vizinho.
Hoje o cenário é outro. Os volumes de comércio exterior estão mais fracos e o porto de Santos, especificamente, vive uma sobreoferta para contêineres, com seis terminais do tipo, o que vem derrubando os preços e colocando em risco a sobrevivência das empresas menores.
A expansão da Embraport não tinha uma data definida para começar, mas sempre esteve no projeto. Agora a empresa deve esperar a volta do crescimento mais robusto de cargas para decidir se faz a ampliação. Em entrevista ao Valor no fim de 2014, quando os volumes já estavam mais fracos, o presidente da Embraport, Ernst Schulze, afirmou que a ampliação não estava no radar no curto prazo.
Àquela altura, o terminal tinha uma ocupação de 50% da capacidade, pelo menos 10 pontos abaixo do que o próprio executivo estimara um ano antes. Especialistas do setor afirmam que qualquer patamar de ocupação menor do que 50% em terminais de contêineres é um risco para a rentabilidade do negócio.
A Embraport é hoje o terceiro terminal em movimentação de contêineres no cais santista, com 15% do mercado.
Fonte: Valor Econômico/Por Fernanda Pires | De Santos