Os portos baianos de Salvador e Aratu são, na prática, um porto único descontinuado. Localizados na Baía de Todos os Santos, distantes apenas 10 km um do outro, eles têm perfis complementares, e são as duas principais unidades de infraestrutura portuária do Estado, que inclui ainda o porto público de Ilhéus e outros sete terminais de uso privado (TUPs), também localizados na Baía de Todos os Santos.
Nos últimos anos, os dois portos já receberam mais de R$ 1,1 bilhão em investimentos. A lista de obras é longa. Em Aratu, foram investidos R$ 138,3 milhões na dragagem do canal de acesso e na recuperação e aquisição de equipamentos. Em Salvador, as obras incluem a dragagem do canal de acesso, para uma profundidade de 15 metros (R$ 67 milhões); o novo Terminal Marítimo de Passageiros (R$ 40 milhões); a Via Expressa, interligando a BR-324 ao porto, com a faixa central exclusiva para o tráfego de caminhões (R$ 480 milhões), e o pátio de apoio logístico, destinado ao ordenamento dos caminhões que transitam no porto (R$ 15 milhões).
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Também está em andamento a ampliação do quebra-mar do Porto de Salvador (R$ 100 milhões). A obra abre terreno para outro projeto, considerado estratégico para garantir a competitividade portuária baiana: a expansão do Terminal de Contêineres (Tecon Salvador), um projeto de R$ 500 milhões, que deve ser bancado com recursos privados. A isso se somam ainda mais R$ 260 milhões de investimentos em equipamentos, tecnologia e obras de infraestrutura no Tecon-Salvador.
Isoladamente, Salvador e Aratu respondem por um terço da movimentação de cargas de todo o Complexo Portuário da Bahia, que em 2015 superou 40 milhões de toneladas. "Um novo recorde, apesar do cenário adverso", diz José Muniz Rebouças, diretor-presidente da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba).
Aratu é a unidade portuária que garante sustentação à indústria petroquímica da Bahia, responsável por mais de 20% do PIB do Estado. Inaugurado em 1975, foi planejado para dar suporte ao setor industrial, sobretudo o Polo de Camaçari. "O Porto de Aratu também tem uma vocação para a demanda do setor de mineração."
Implantado em área urbana, o Porto de Salvador, por sua vez, se destina a cargas conteinerizadas. Ambos, no entanto, se ressentem de investimentos que aumentem a integração com a malha logística do país. "A revitalização da Ferrovia Centro-Atlântica, interligando-a com a Fiol (Ferrovia Oeste-Leste), em implantação, ampliaria as áreas de influência dos dois portos, possibilitando a diversificação e a atração de volume maior de carga", observa Rebouças.
O presidente da Codeba acredita que o Salvador e Aratu possuem algumas vantagens competitivas sobre os portos rivais no Sudeste e no Nordeste. "O primeiro fator de competitividade é a localização estratégica de Salvador-Aratu, no meio da costa brasileira, e bem mais próxima do Centro-Oeste que os concorrentes", argumenta Rebouças. Ele também destaca a boa navegabilidade da Baía de Todos os Santos, com a garantia do fluxo contínuo de navios.
O potencial da região atraiu a Wilson Sons Terminals para a Bahia. A empresa opera o Tecon Salvador e investiu mais de R$ 500 milhões de 2011 a 2014. "Estamos com uma solicitação de ampliação do terminal junto à agência reguladora", conta Demir Lourenço, diretor-executivo do Tecon Salvador.
O objetivo é adequar o terminal ao tamanho dos navios que cruzarão o Pacífico e o Atlântico, depois de concluída a ampliação do Canal do Panamá. Hoje, o algodão da Bahia é transportado via Santos. "Com a ampliação do canal, isso pode mudar", diz Lourenço.
Fonte: Valor Econômico/Carlos Vasconcellos | Para o Valor, do Rio