A Santos Brasil, maior operadora de contêineres da América Latina, dá início a mais uma etapa de seu plano de investimentos de R$ 1,3 bilhão no Tecon Santos, acertados com o governo federal nas negociações de ampliação do contrato de concessão, de 2022 até 2047. Em julho, começam as obras de ampliação do cais, que vão ficar prontas no fim do próximo ano. O terminal situa-se na margem esquerda do Porto de Santos, no município de Guarujá.
Para executar a obra, a empresa acabou de fechar contrato com a construtora baiana AXXO, que venceu uma concorrência entre grupos nacionais e estrangeiros. O valor do contrato é de R$ 150 milhões. Serão mais 220 metros de cais agregados aos atuais 980 metros do Tecon e 310 metros do Terminal de Veículos (TEV).
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"Com esse investimento, poderemos receber, ao mesmo tempo, três navios da nova geração Panamax, que foram construídos com 366 metros de comprimento", diz Antônio Carlos Duarte Sepúlveda, presidente da Santos Brasil. Atualmente, a maior embarcação que entra no porto tem 335 metros. O novo Panamax é capaz de transportar entre 7 mil TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés) e 12,5 mil TEUs.
O executivo informa que todas as obras civis no terminal deverão ser concluídas até 2022 e toda a parte de modernização e expansão da frota de equipamentos, até 2031. Ao final, o cais passará a ter um único calado, de 15 metros. Atualmente, parte do calado tem 13,70 metros. Aguarde-se apenas a licença de instalação para dar partida às obras.
Com a expansão do cais e podendo receber navios maiores, a empresa prevê ampliar sua capacidade de movimentação de contêineres em 20%, para 2,4 milhões de TEUs por ano. "Esse plano de modernização e expansão visa também ganhar mais eficiência e produtividade para elevar nossa competitividade", diz o executivo.
No ano passado, o Tecon Santos movimentou 917,3 mil contêineres, equivalente a 1,44 milhão de TEUs. O volume foi 7,8% acima do de 2017. O terminal detém 35% de participação na movimentação de contêineres no porto santista. As demais concorrentes são o Brasil Terminal Portuário (BTP) e o DP World Santos (antigo Embraport)
Até agora, a Santos Brasil investiu R$ 100 milhões na compra de equipamentos, como guindastes de cais, movimentadores de cargas, reboques, entre outros, para o terminal. "Estamos também trocando a frota movida a diesel por veículos elétricos", diz Sepúlveda. Nos próximos anos serão feitas compras de novos lotes. Para atingir a nova capacidade, serão mais dois guindastes.
A movimentação de contêineres em Santos em 2018 foi 4,12 milhões de TEUs, alta de 4% em relação ao ano anterior. "Esse mercado sofreu bastante entre 2015 e 2017. Dependemos da vitalidade da economia e da reativação de importantes setores industriais, tanto para uso na exportação quanto nas importações. Geralmente, o setor de contêiner cresce três vez o PIB", afirma o executivo.
A Santos Brasil, criada há 20 anos e listada no Novo Mercado da B3, teve receita líquida de R$ 921 milhões no ano passado, Além do Tecon Santos, opera outros dois terminais no país - Vila do Conde, no Pará (ao sul de Belém) e Imbituba, em Santa Catarina. Tem ainda, em Santos, um terminal de veículos e uma empresa de operação logística que atua integrada aos três terminais.
Embora não tenha dívida - fechou o ano com caixa líquido de R$ 26,3 milhões -, a empresa está buscando uma captação de R$ 300 milhões, no Brasil e Ásia, para financiar os investimentos dessa fase. Está lançando uma debênture, ofertada a investidores institucionais e pessoas físicas. "Temos uma equipe neste momento fazendo road shows na China", disse Sepúlvida.
Fonte: Valor