O presidente da Santos Brasil, Antônio Carlos Sepúlveda, acredita que não haverá mais migração substancial de cargas que impacte o Tecon Santos, o maior terminal de contêineres da companhia e que vem perdendo volumes para os novos concorrentes no porto de Santos - a BTP e a Embraport.
Segundo ele, o atual momento é o ponto mais baixo em termos de perdas de serviços de armadores. "O fundo do poço", afirmou ontem, durante divulgação de resultados do terceiro trimestre a analistas de mercado. A forte concorrência derrubou os resultados da Santos Brasil, que registrou lucro líquido de R$ 16,2 milhões, queda de 64,2% frente o mesmo trimestre de 2013.
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Mas esse não é o entendimento de parte do mercado. "Esperamos ver o fundo no 4º trimestre, principalmente porque três linhas de transporte importantes deixaram o terminal durante o terceiro trimestre e o terceiro trimestre é geralmente o período mais forte em movimentação", pondera relatório da Brasil Plural.
A corretora manteve recomendação "underweight" (abaixo da média) para os papéis da Santos Brasil, mesmo com a perspectiva de aprovação, pelo governo, da antecipação da renovação do arrendamento do terminal, com investimento de R$ 1,2 bilhão até 2018.
O Tecon Santos encerrou o trimestre com 32,5% de participação no negócio de contêineres em Santos - antes da Embraport e BTP, detinha mais de 50%. Recentemente, o terminal perdeu três serviços de navegação de longo curso: dois para a BTP e um para a Embraport, que depois foi transferido para a Libra. Mas recuperou uma linha para o Golfo do México, compensando em parte a fuga de volumes.
"O que a gente precisa é que o país cresça", disse Sepúlveda. Segundo ele, o crescimento de contêineres em Santos está baixo. A alta divulgada pela Codesp, administradora do porto, deve-se ao incremento das cargas de transbordo, que pagam menos, e não ao comércio exterior, disse. "De janeiro a setembro as importações em contêineres caíram 3% e as exportações cresceram 6%, o que dá um crescimento de 0,4%, é pouco".
Segundo o diretor de relações com investidores da empresa, Orlando Mansur, mesmo num cenário adverso o Tecon Santos tem mantido a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) consolidada em torno de 32%, num esforço de redução de custos e busca por eficiência de gastos, o que posiciona a empresa muito bem quando a volume de comércio exterior voltar a crescer.
Nos últimos anos, a Santos Brasil investiu em automação na recepção e expedição de cargas e na otimização de custos no Tecon Santos. Hoje, a produtividade média do terminal está em 108 movimentos por hora, a maior do conjunto aquaviário. Para Sepúlveda, o diferencial de eficiência pesará na escolha do cliente quando os volumes voltarem a crescer, sobretudo num ambiente em que o principal concorrente, a BTP, "encheu" muito rapidamente e caminha para trabalhar perto da capacidade atual.
Além disso, a tendência é que os megaconsórcios de armadores se quebrem futuramente com o aquecimento do comércio exterior, pulverizando novamente os serviços entre os terminais.
O Tecon Santos representa mais de 90% dos contêineres operados pela empresa, por isso o baixo desempenho impactou os números gerais. Juntos, Tecon Santos, Tecon Vila do Conde e Tecon Imbituba movimentaram 227.978 unidades no trimestre, queda de 27,5%. Abrindo por unidade, o Tecon Vila do Conde e Tecon Imbituba tiveram robusto crescimento. O braço de logística caiu 8,7%, devido à redução dos contêineres armazenados. A operação de veículos, feita em terminal dedicado, caiu 12,8%, para 56.677 unidades, devido às restrições da Argentina.
Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pires | De Santos