Um grupo de pelo menos 13 empresas de pequeno e médio porte, fornecedores de outras empresas que trabalham na construção da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), reclama prejuízos que vão de R$ 7 mil a R$ 78 mil nos serviços prestados. O motivo é o não pagamento dos valores devidos por parte da empresa Taein, sul-coreana com filial no Ceará, contratada pela Posco para a construção civil do setor de aciaria da usina.
A empresa asiática teve o contrato rescindido entre os meses de maio e junho passados e, como consequência do não cumprimento de seus contratos, alguns dos fornecedores já chegaram a fechar as portas de negócios na região, e funcionários já foram demitidos. É o caso de um dos empresários do setor de alimentação, que prefere não revelar o nome da empresa por receio de represálias em contratos futuros - assim como os outros que estão na mesma situação. Ele fornecia almoço a cerca de 300 funcionários da Taein, além de jantar, quando havia hora extra. Contudo, em junho passado, a coreana não realizou o pagamento referente ao mês de maio e parte do próprio mês de junho, gerando uma dívida de R$ 78 mil.
Quase falência
"Eu estou quase quebrado. Já fechei um restaurante que tinha no Pecém e estou com dívida com os meus fornecedores. O meu prejuízo está sendo ainda maior, porque em junho eu fiz a compra de um estoque para o fornecimento, só que parei de fornecer à Taein e não consegui devolver os produtos", conta. Como consequência, ele teve que demitir 12 funcionários.
Hospedagem
Outra empresária no setor de alimentação encontra-se em situação semelhante. Além de comida, ela também hospedava os funcionários da Taein em sua pousada por cerca de um ano. "Em maio e junho, nós não recebemos o valor total das notas fiscais geradas, que somaram R$ 25 mil. Deste total, recebemos apenas R$ 12 mil", revela.
Sete outras empresas que também contabilizam prejuízos com a Taein, começaram a buscar uma solução em conjunto para a situação. Como não conseguiam contato com a Taein, procuraram duas das sócias da CSP: a coreana Posco, que é responsável pelas obras da siderúrgica, e a brasileira Vale, sócia majoritária do empreendimento, com 50% das ações na joint-venture. "Nós conversamos com os advogados da Posco no fim de junho. Eles nos solicitaram as notas fiscais e elas foram entregues. Depois, o setor jurídico da empresa afirmou que não iria pagar, porque ela também havia sido lesada pela Taein. Depois, buscamos a Vale, e ela nos deu um prazo até o dia 31 de julho para se pronunciar sobre o assunto, mas até agora não tivemos retorno", explica uma outra empresária. A Posco já havia se pronunciado, ainda em junho, sobre o assunto, quando afirmou: "O contrato foi rescindido sem aviso prévio pela própria Taein, devido à incapacidade de continuar suas obrigações contratuais e trabalhistas.
A reportagem tentou contato com a Taein pelo telefone que se encontra na internet de sua filial no município de Suzano, em São Paulo. As ligações, contudo, não foram atendidas.
Nota da Posco
A Posco enviou a seguinte nota à redação: "A Taein, empresa coreana com filial no Ceará, foi contratada pela Posco E&C do Brasil para realizar obras de construção civil no setor da aciaria. Este contrato foi rescindido sem aviso prévio pela própria Taein, devido à incapacidade de continuar a prestar suas obrigações contratuais e trabalhistas. A Posco esclarece que garantiu o pagamento das verbas rescisórias dos mais de 300 funcionários da Taein, conforme a lei, uma vez que esta não possuía os recursos necessários. No entanto, a Posco não se responsabiliza pelas dívidas comerciais decorrentes de contratos entre a empresa Taein com os seus fornecedores." A Posco informa ainda que contratou diretamente algumas empresas que também prestavam serviços para a Taein, realizando um novo contrato independente do que fora firmado anteriormente. Afirma também que vem tentando continuadamente entrar em contato com a Taein, sem sucesso.", diz a nota.
Fonte: Diário do Nordete (CVE)/SÉRGIO DE SOUSA
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