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Vale vende 36% da VLI por R$ 2,7 bilhões

Depois de meses de negociações, a Vale anunciou ontem o desfecho da venda da Valor da Logística Integrada (VLI), empresa da mineradora focada no transporte de carga geral. A Vale vendeu fatia de 35,9% do capital da VLI por R$ 2,7 bilhões para dois compradores. A japonesa Mitsui acertou comprar 20% do capital da VLI por R$ 1,5 bilhão. Já o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado pela Caixa, vai ficar com 15,9% da VLI por R$ 1,2 bilhão. A Vale também anunciou que está em negociações, em caráter exclusivo, para vender cerca de 26% da empresa de logística para a canadense Brookfield Asset Management.

Se forem considerados os valores acertados com Mitsui e FI-FGTS, é possível concluir que os 100% da VLI foram avaliados em R$ 7,5 bilhões e que os 26% da empresa ainda em negociação com a Brookfield valem R$ 1,95 bilhão. Até o fechamento do negócio, a Vale era dona de 100% da VLI. A mineradora afirmou que após a conclusão das operações acordadas, vai manter o controle acionário da VLI com 64,1% do capital, percentual que pode ficar em cerca de 38% se for bem-sucedida a transação com a Brookfield. A Brookfield Brazil, subsidiária da Brookfield Asset Management Inc., confirmou o acordo de exclusividade e as negociações para "a potencial aquisição" de cerca de 26% da VLI e disse ver com otimismo e entusiasmo a operação em curso.

Ontem pela manhã, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, esteve em Brasília para comunicar o negócio à presidente Dilma Rousseff. O executivo foi levar pessoalmente a "boa notícia" pois o modelo de negócio da VLI estimula investimentos em infraestrutura no país e permite à entrada na empresa de logística de dois sócios estrangeiros. "Estamos extremamente motivados, acreditamos que, nos próximos anos, todos perceberão uma grande mudança no viés logístico brasileiro", disse Ferreira. Ele afirmou que vislumbra a abertura de capital da VLI em bolsa em período de três anos. Na visão do executivo, a abertura do capital da VLI permitirá repartir os ganhos com "um número muito maior de pessoas".

"Nós até enxergamos um processo de IPO [oferta pública inicial de ações], para que o público brasileiro e internacional também possa ser acionista [da VLI]. Temos absoluta confiança e pretendemos fazer esse IPO daqui uns três anos", disse Ferreira. Ele acrescentou que o antigo terminal da Ultrafértil, em Santos (SP), sairá de 2,4 milhões para 14,5 milhões de toneladas de recebimento de carga até fim do ano que vem.

Em entrevista ao Valor, em julho, Ferreira havia dito que a entrada de investidores estrangeiros na VLI era uma sinalização positiva em um momento em que muita gente tinha dúvidas em relação ao Brasil. Ele também deixou claro, na ocasião, que a entrada de novos sócios na VLI era importante considerando o volume expressivo de investimentos previsto no plano de negócios da empresa. A VLI planeja investir R$ 9 bilhões em portos e ferrovias no período 2013-2017, sendo que R$ 2 bilhões serão financiados por um aporte de capital a ser feito por Mitsui e FI-FGTS na própria VLI.

A VLI possui concessões e subconcessões ferroviárias com mais de 10 mil quilômetros de extensão, 13 mil vagões e 600 locomotivas e tem acesso às ferrovias de concessão da Vale. A VLI opera ainda cinco terminais terrestres integrados, tendo cinco novos terminais em desenvolvimento, entre outros ativos e contratos.

Segundo a Vale, do valor total envolvido nas operações com os dois novos sócios, R$ 2 bilhões serão destinados ao aporte de capital na VLI. A empresa emitirá novas ações que serão subscritas e integralizadas por Mitsui e FI-FGTS. Os valores aportados na VLI serão utilizados para o financiamento de parte do seu plano de investimentos, informou a Vale. O restante dos recursos envolvidos nas operações, no valor de R$ 709 milhões, será pago pela Mitsui para a Vale em troca de ações da VLI detidas pela mineradora.

A Vale informou ainda que a conclusão das transações estará sujeita às aprovações de órgãos governamentais, entre os quais o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e, no caso da Brookfield, também a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Secretaria de Portos (SEP) da Presidência da República. A mineradora disse que os termos e condições de um potencial acordo de venda de participação para a Brookfield ainda estão sendo discutidos, não sendo possível garantir que o negócio será realizado ou quais serão seus termos e condições finais.

O mercado recebeu bem a operação. O Bank of America Merrill Lynch viu como positiva a venda de 35,9% para a Mitsui e FI-FGTS. De acordo com relatório assinado pelos analistas Thiago Lofiego e Karel Luketic, a negociação está em linha com a estratégia da mineradora de vender os ativos não estratégicos, minimizando futuros gastos de capital. O BofA manteve a recomendação de compra e o preço-alvo de R$ 44 por ação - US$ 20 por American Depositary Receipts (ADRs, recibos de ações negociados nos EUA) - da companhia.

"A VLI tem planos de investir R$ 9 bilhões entre 2013 e 2017 e com o anúncio de R$ 2 bilhões de injeção de capital, a necessidade remanescente de dinheiro vai ser baseada na própria geração de caixa e em dívida, evitando que a Vale tenha que investir dinheiro adicional na VLI", disseram os analistas do BofA Merrill Lynch. A ação preferencial da Vale fechou ontem cotada a R$ 33, com alta de 0,06%. A Vale informou, em nota, que a venda faz parte de uma estratégia que tem como foco a disciplina na gestão do capital e a maximização de valor para os acionistas.

Fonte: Valor Econômico/Bruno Peres, Francisco Góes e Rafael Rosas | De Brasília e do Rio






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