Principal representante dos produtos para construção pesada da Hyundai no país, a Brasil Máquinas de Construção (BMC) fechou um acordo para instalar a segunda linha de montagem da chinesa Xuzhou Construction Machinery Group (XCMG) em território brasileiro. Inicialmente com 100% de conteúdo importado, a produção da nova unidade, no Espírito Santo, que começa a produzir no início de 2011, deverá atingir 60% de conteúdo nacional.
A primeira unidade de produção da XCMG no Brasil está sendo instalada em Pernambuco, próximo ao porto de Suape. Em associação com a distribuidora brasileira Êxito, a unidade pernambucana será dedicada à montagem de kits de escavadeiras. Já a unidade capixaba ficará especializada em motoniveladoras e compactadores. Serão produzidas no Espírito Santo 800 unidades ao ano, o que deve gerar uma receita de R$ 160 milhões. O investimento inicial será de US$ 25 milhões - US$ 10 deles bancados pela chinesa.
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Com receita anual de R$ 600 milhões, a BMC tem 80% das atividades voltadas à comercialização de equipamentos Hyundai, que a empresa introduziu no país em 2005, conta Felipe Cavalieri, principal executivo do grupo. Mas a coreana não possuía no portfólio motoniveladoras e compactadores, e em 2006 o empresário foi à China buscar fornecedores para o produto - a XCMG é a maior fabricante chinesa dos equipamentos. Em 2007, a BMC tornou-se representante da marca no país.
A BMC já possui uma unidade de distribuição em Vitória, e escolheu a região para instalar a nova fábrica - que será erguida em uma área de 12 mil m2. A produção será baseada de início na montagem de kits importados, mas segundo Felipe Cavalieri, a empresa já está em negociação com a fábrica de motores Cummings e com outros fornecedores - de vidros, bancos, radiadores - para elevar o conteúdo nacional das máquinas.
Com o conteúdo de nacionalização de 60%, as máquinas chinesas terão acesso à linha de crédito do BNDES - o Finame PSI - que oferece taxas diferenciadas para produtos produzidos internamente. Outra vantagem de ter fornecedores nacionais é minimizar os impactos do câmbio e as pressões da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq) que reclama da invasão de produtos orientais. O resultado, teme o executivo da BMC, pode ser a elevação das tarifas de importação.
Em termos de custos de produção, não é claro se a montagem interna é vantajosa, diz o empresário, mas traz ganhos indiretos. Um deles é sinalizar ao comprador que a XCMG veio para ficar, e ele não terá problemas para encontrar peças de reposição, nem correrá risco de perda no valor de revenda.
Fonte: Valor Econômico/Fernando Teixeira | De São Paulo