Bastos, presidente da Devex, disse que a empresa desenvolveu hardware e software para controle dos equipamentos usados na extração do minério de ferro
A companhia brasileira de automação Devex fechou um novo contrato de três anos com a Vale. Guilherme Bastos, presidente executivo da Devex, informou que o acordo inclui a maior mina de níquel da mineradora brasileira, a Vale Nova Caledônia (VNV), antiga Coro, situada na Melanésia (Oceania). Com apenas 12 anos de vida, a Devex tem a Vale como maior cliente. Dos 34 sites de minas que monitora, 13 pertencem à companhia.
O contrato com a VNV será o quarto a ser executado pela Devex no exterior. A empresa já opera três minas internacionais. Duas de ouro da canadense Kinross, no Chile, e outra que é uma das maiores lavras de diamantes da África, a mina de Capoca, propriedade de um consórcio formado por grupos russo, angolano, israelense e brasileiro. A participação brasileira é da Odebrecht. No mercado interno, a Devex, além de atender as minas da Vale, opera outras 20 áreas, incluindo as da CSN e do grupo Votorantim.
Fundada por cinco sócios pessoas físicas, aos quais no ano passado se juntou a minoritária Fir Capital, uma gestora de recursos, a Devex tem sede em Belo Horizonte. Desenvolveu tecnologia que inclui hardware e software para controle dos equipamentos usados na extração do minério de ferro da lavra, como caminhões, escavadeiras e equipamentos de corte que são conectados e comandados por uma central de controle.
"O hardware da central de controle que comanda o sistema é um servidor padrão de mercado, cuja placa mãe e interfaces como um todo são desenvolvidos pela Devex. A montagem da placa é terceirizada. A empresa projeta a placa e envia o desenho para companhia especializada na produção de circuitos integrados", explica Bastos. Ele disse que o hardware do equipamento é totalmente fabricação da Devex, uma espécie de computador de bordo.
O software embarcado nos equipamentos também é criado na Devex. Como, ainda, o software da central de controle, que monitora o que acontece com cada equipamento e toma uma decisão central, sistêmica da operação da mina.
O objetivo do sistema de automação de operação da lavra é maximizar a produção. "O sistema inteligente, operando em tempo real, proporciona o controle dos equipamentos, o que se traduz em ganhos de produtividade às companhias mineradoras que vão de 10% a 20%", afirmou Bastos.
Ele avalia que o mercado de mineração tende a crescer por conta do apetite chinês por commodities e pelo esgotamento das minas, o que vai exigir cada vez mais avanços tecnológicos para sua exploração. Hoje, no mundo, existem cerca de 2,5 mil minas, das quais 2 mil não têm sistema automatizado de controle para extração de minério.
Nesse cenário favorável, a meta da Devex é crescer, principalmente fora do Brasil. Até o momento, a concorrência global não é muito forte nesse nicho de negócios. A Devex disputa no plano internacional com a Caterpillar, Komatsu e Leica. No ano passado, a empresa faturou R$ 15 milhões. A expectativa de Bastos para 2010 é chegar a R$ 35 milhões, ou seja, mais do que dobrar a receita da empresa.
Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão | Do Rio
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