Ao apagar das luzes de 2013, Itaipu Binacional informou que, pelo segundo ano seguido, quebrou seu próprio recorde de produção e se manteve como líder mundial na geração elétrica, com 98,6 milhões de MWh. Em segundo lugar, com 10% de distanciamento, ficou a usina chinesa de Três Gargantas. Itaipu representa 17% do gigantesco consumo brasileiro. Esses dados merecem ser ressaltados, diante da guerra na definição da política energética no país. Com medo do lobby dito ambientalista, a cada dia está mais difícil aprovar uma hidrelétrica e, na fase de construção, todo dia há uma liminar contra o empreendimento. Itaipu foi feita com um grande lago, nos velhos tempos. A energia gerada significa mais produção, mais empregos e bem se enquadra na máxima da presidente Dilma: “País rico é país sem pobreza”. Como se ascender socialmente sem energia?
Ante a pressão da inglesa WWF e da holandesa Greenpeace, o que fez o Brasil, nos últimos anos? Não cancelou as hidrelétricas, porque o país poderia parar e isso seria insustentável – no sentido mais amplo do termo – para qualquer governo, mas as fez a fio d’água, sem reservatórios. Assim, quando há maior demanda dos consumidores ou redução do fluxo de água, as usinas hidrelétricas “modernas” se mostram pouco significantes. Felizmente, apesar da pressão de radicais ambientalistas e do Ministério Público, Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, mesmo a fio d’água, estão sendo concluídas. Do contrário, o Brasil não teria energia boa e barata, como a de Itaipu e teria de confiar em termelétricas, que, além de mais caras, são poluentes, ao usar óleo, gás ou carvão. O Brasil está no fio da navalha: tem de optar pelo pragmatismo ou ceder ante pressões ambientais com sotaque estrangeiro.
O futuro requer pragmatismo. Os Estados Unidos anunciam que, com o gás de xisto, se tornarão auto-suficientes em energia e poderão ser exportadores; a Rússia explora o petróleo onde ele estiver; a França, nação conhecida pelo respeito às liberdades, usa quase 80% de energia nuclear; e a vizinha Inglaterra, conhecida por sua fleuma, acaba de aprovar a volta impactante do uso do átomo – pois ninguém respeita um país sem energia. Do outro lado está a Argentina, que, por razões políticas, não estimula a geração de energia. No forte verão, cidadãos ficaram sem poder usar climatização e, em breve, essa escassez poderá afetar a indústria. Pressionada pelos verdes, a Alemanha optou por uma geração não ortodoxa, que deverá implicar alta de 10% a 20% nos custos de produção.
Os países sérios e comprometidos não brincam ao tratar de suprimento de energia, pois as grandes potências em geral possuem sua própria geração ou ficam perigosamente dependentes do exterior, como ocorreu com os Estados Unidos – o que, segundo analistas, causou inúmeras guerras no Oriente Médio. O caminho para o Brasil é explorar o pré-sal, investir no xisto e, ao mesmo tempo, dar asas às opções solar e eólica, mas sabendo que tais fontes ainda são apenas adjetivas – pelo menos até agora – na matriz energética mundial.
Fonte: Monitor Mecantil/Sergio Barreto Motta
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