O preço do minério de ferro rompeu ontem o patamar de US$ 80 por tonelada no mercado à vista chinês ao ser vendido por US$ 79,80 a tonelada. Foi o valor mais baixo desde 17 de setembro de 2013, quanto a cotação foi exatamente a mesma. Em uma acelerada trajetória de queda, o minério já acumula desvalorização de 9% em setembro e de 41% no ano. Em 2014, o preço mais alto foi registrado logo no início do a no, quando a matéria-prima estava em US$ 135 a tonelada na China.
O aumento da produção da commodity neste ano e as previsões de novos projetos para os próximos 30 meses têm contribuído para a queda da cotação. Apenas em 2014, é esperado um volume adicional de pelo menos 150 milhões de toneladas em relação ao ano passado. Para o ano que vem, analistas calculam outras 145 milhões de toneladas de novas operações.
Como os novos projetos têm custos de produção mais baixos - principalmente nos casos da Vale e das australianas Rio Tinto, BHP Billiton e Fortescue Metals - o mercado global de minério de ferro está passando por um momento de mudança conjuntural.
Mineradoras que possuem custos mais altos não estão conseguindo manter as operações atualmente, e um novo patamar de preços é esperado para os próximos anos. Picos de US$ 150 por tonelada, observados no passado, não devem se repetir, dizem os analistas. Em geral, esperam valores de US$ 80 a US$ 100 por tonelada para os próximos anos.
Analistas do Barclays afirmaram em relatório recente que a queda do preço de US$ 130 para US$ 90 por tonelada provoca uma redução na oferta global de 160 milhões de toneladas, com o fechamento de operações menos produtivas.
Para a demanda, analistas estimam crescimentos anuais de 3% a 7,5% neste e nos próximos anos, puxados principalmente pela China. Há, porém, preocupações com o ritmo de crescimento da economia chinesa, o que pode levar a uma desaceleração das compras. No ano passado, as siderúrgicas do país foram responsáveis por 66% das importações globais de minério de ferro, muito acima dos 14% de 2000, dizem analistas do Citi em relatório.
No mercado global de aço, dados divulgados ontem pela Worldsteel, principal associação internacional do setor, mostram uma ligeira desaceleração da indústria. A produção cresceu 1,4% em agosto, para 134,956 milhões de toneladas, segundo a entidade. Frente a julho, no entanto, houve queda de 1,3%, depois de o volume produzido naquele mês ter ficado estável em relação a junho.
Com esse desempenho, no acumulado do ano até agosto a produção mundial de aço bruto ficou em 1,096 bilhão de toneladas, 2,4% acima do registrado no mesmo período de 2013. A China, maior produtora do mundo, fez 68,9 milhões de toneladas de aço em agosto, só 1% acima do volume produzido no mesmo mês de 2013.
Dentre outros países relevantes para o setor siderúrgico, o Japão ampliou em 2,2% a produção, para 9,3 milhões de toneladas, e a Índia produziu 7 milhões de toneladas, alta de 5,2%. Na Coreia do Sul, o volume somou 5,3 milhões de toneladas, alta de 0,8% em um ano. A Alemanha produziu 3,1 milhões de toneladas de aço no mês passado, com queda de 1%. A produção de aço na Rússia, por sua vez, ficou em 6,2 milhões de toneladas, com avanço de 5,8%. Os Estados Unidos produziram em agosto 7,7 milhões de toneladas de aço bruto, com expansão de 2,9%, e o Brasil registrou produção de 2,9 milhões de toneladas, queda de 1,4%.
Segundo a Worldsteel, a utilização de capacidade instalada das siderúrgicas atingiu 74,2% em agosto, 1,4 ponto percentual menos do que um ano antes.
Fonte: Valor Econômico/Olivia Alonso, Daniela Meibak e Stella Fontes | De São Paulo
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