Contrariando as expectativas em Itajaí, a cidade foi ultrapassada por Joinville no ranking do Produto Interno Bruto (PIB) por municípios divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE. Mudanças na metodologia de análise de dados levaram de volta a cidade do Norte do Estado a ocupar o posto de maior economia de Santa Catarina, com Itajaí ocupando o segundo lugar. Os resultados correspondem a 2013.
O que chama atenção é a inesperada queda no valor do PIB de Itajaí: passou de R$ 19,4 bilhões em 2012 (dado divulgado no ano passado) para R$ 15,3 bilhões. Joinville, por sua vez, cresceu de R$ 18,2 para 21,9 bilhões.
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A metodologia nova também explica a diferença. De acordo com o novo modelo de análise, Itajaí teria não R$ 19, mas R$ 13,6 bilhões de PIB em 2012 e ficado em terceiro lugar _ e não em primeiro. Nesse caso, pode-se afirmar que o índice não só cresceu, mas a cidade também ganhou uma posição.
Como 2013 havia sido um bom ano para a economia de Itajaí, esperava-se que a cidade se mantivesse no topo e pudesse perder posição a partir do ano seguinte, devido a mudanças na legislação e ao início da crise no Porto de Itajaí. Era o que dizia na quinta-feira à tarde o secretário da Fazenda do município, Marcos Andrade, ainda sem saber do resultado:
_ 2013 foi um ano positivo _ afirmou, lembrando, entretanto, que a cidade teve uma perda importante naquele ano com a transferência de uma grande empresa de produtos químicos para São Francisco do Sul, que teve impacto na arrecadação de ICMS.
Embora não tenha sido lembrado pelo secretário, é possível que o fim da guerra fiscal entre os portos tenha impactado também nos resultados. A partir de janeiro de 2013 importações feitas em todo o território nacional, levadas de um Estado para outro, passaram a ser taxadas em 4% _ sem possibilidade de novos incentivos fiscais.
Na época, Santa Catarina oferecia pagamento de 3,4% de imposto e crédito extra para o importador de 12%, o que havia atraído empresas de comércio exterior. O resultado é que muitas importavam através dos portos catarinenses e depois enviavam a carga para o Sudeste, por exemplo, por via rodoviária. Algumas delas migraram para outros locais, especialmente Santos (SP), depois de terem perdido o benefício.
Maré de crise
Atualmente Itajaí sofre com a queda de movimentação no porto, decorrente do novo marco regulatório, que engessou ações e facilitou a concorrência dos portos privados, e tem sofrido uma série de cortes na arrecadação decorrentes da falta de representatividade política _ é o caso da lei estadual que transfere a maior fatia de retorno de ICMS aos municípios produtores, em detrimento dos portuários.
Enquanto a preocupação foi gerar riqueza, perdemos feio em representatividade. A queda de posições é consequência.
Fonte: Diário Catarinense/Dagmara Spautz