A queda do Índice de Preços ao Produtor (IPP) de 0,17% em dezembro em relação a novembro tem "claro efeito" da crise internacional, avalia o gerente da coordenação da indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Alexandre Pessoa Brandão. A influência externa impactou diretamente produtos de grande peso do IPP, como alimentos, outros produtos químicos e metalurgia, que são exportados, ressalta o especialista.
"A crise internacional fez o preço das commodities cair. Isso diminuiu o preço dos alimentos e de outros produtos químicos", reforçou Brandão.
Na passagem de novembro para dezembro, os preços de outros produtos químicos recuaram 1,16%, ao passo que os de metalurgia e alimentos caíram, respectivamente, 0,41% e 0,22%. Juntos, os três grupos contribuíram para 38% da formação do IPP de dezembro. Brandão nota que o reflexo da redução na cotação de produtos exportados pelo Brasil ofuscou a alta de 2,6% do dólar no período.
A respeito do comportamento do IPP em 2011 - que encerrou o período com avanço de 2,61%, após subir 8,04% em 2010 -, Brandão também atribui ao desempenho do indicador à crise internacional. Ele nota que produtos que subiram fortemente em 2010 desaceleraram expressivamente no ano passado.
"A crise internacional, com redução na demanda, provocou efeitos variados nos grupos do IPP. Alimentos e outros produtos químicos foram influenciados pela variação de commodities, em que algumas subiram e outras, caíram. Metalurgia sofreu com os estoques elevados, que reduziram seus preços", afirmou Brandão. O preço da metalurgia saiu de uma aceleração de 3,95% em 2010 para uma queda de 2,27% em 2011.
Alimentos, com a redução na cotação da soja, subiram 3,16% no ano passado, após registrarem alta de 21,24% em 2010, a maior do período. O IBGE destaca que as maiores influências para a variação de alimentos em 2011 vieram de sucos concentrados de laranja, carnes de bovinos frescas ou refrigeradas e café torrado e moído.
Já outros produtos químicos cresceram 8,38% em 2011, depois de avanço de 15,76% no ano anterior. Os itens que mais puxaram para cima o grupo no ano passado foram adubos ou fertilizantes com nitrogênio, fósforo e potássio, sulfato de amônio ou ureia, e propeno não saturado.
Para o economista Fabio Ramos, da Quest Investimentos, num cenário de desaquecimento global, câmbio relativamente estável e commodities em queda, não há espaço para aumentos acima de 4% nos preços industriais neste ano. "A inflação industrial está bastante tranquila, e deve continuar assim no decorrer do ano, registrando pequenos movimentos para cima e para baixo", avalia.
Fonte: Valor Econômico/Por Diogo Martins | Do Rio
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