Na reunião do conselho de administração da Petrobras, que acontece hoje no Rio, deve ser avaliada a possibilidade de venda de ativos da empresa e os relatórios da auditoria interna sobre os resultados do terceiro e quarto trimestre de 2014. Na pauta também está prevista uma apresentação sobre a forma como será conduzido o fechamento do balanço de 2014, que deve ser divulgado em abril.
Uma fonte explicou ao Valor que a Petrobras pretende usar o valor de R$ 2,1 bilhões já identificado como resultado da corrupção pelos investigadores responsáveis pela Lava-Jato. "A esse número se somam uma série de providências. Não é um valor batido e fechado", disse uma fonte qualificada, frisando que os detalhes são sigilosos e que não podem ser divulgados porque podem prejudicar a publicação do balanço.
"Não é um 'impairment'. Isso [R$ 2,1 bilhão] é a estimativa de corrupção que se tem até agora, enquanto o 'impairment' é um ato de contabilidade normal, feito todo ano, em uma conta de desconto de fluxo de caixa nas condições do fechamento do balanço", explicou a fonte, citando a Refinaria do Nordeste (Rnest) em Pernambuco como um ativo que tem um valor "perdido", ao contrário do investimento no Comperj (RJ).
A fonte esclarece que serão feitas ressalvas não esclarecidas pela fonte. A metodologia que será usada para reconhecer as fraudes já foi submetida a órgãos reguladores no Brasil e Estados Unidos, por sugestão da auditora PwC.
No balanço de um ano da Operação Lava-Jato o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná contabiliza, até o momento, desvios de R$ 2,1 bilhões. Desses, R$ 500 milhões já foram recuperados e R$ 200 milhões foram bloqueados pela Justiça. No período, o MPF investigou 494 pessoas e empresas e fez 12 acordos de colaboração premiada, inclusive com um ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e com Pedro Barusco, ex-gerente-executivo da área de Serviços e ex-diretor da Sete Brasil.
Ao optar pela baixa dos ativos no ritmo das descobertas da Lava-Jato, a Petrobras terá que se esforçar para esclarecer ao mercado a diferença entre esse montante e os R$ 88,6 bilhões identificados pela diretoria anterior como valor dos ativos contabilizado no balanço acima do "valor justo". Os ilícitos investigados podem ser bem maiores, a estatal deverá garantir que descobertas posteriores serão consideradas nas próximas demonstrações.
Sobre os bancos que serão contratados para a venda de ativos, não cabe ao conselho de administração escolher. No mercado menciona-se foram escolhidos Bradesco e Itaú para venda da BR e dos ativos de distribuição de gás, com a divisão dos ativos de exploração e produção ficando com bancos estrangeiros. A decisão sobre a contratação é da diretoria.
A pauta da reunião não prevê nenhuma mudança do conselho, apesar de ser grande a expectativa quanto à renúncia do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que ainda é o presidente.
Segundo duas fontes consultadas pelo Valor, pode haver alterações, caso Mantega ou algum conselheiro apresente carta de renúncia. As mudanças em toda a composição do conselho de administração da Petrobras devem ocorrer na assembleia de acionistas, marcada para o fim de abril.
O Valor apurou que o governo tem interesse em indicar para o posto o atual presidente da Vale, Murillo Ferreira, mas ainda não há confirmação de que o executivo tenha aceitado a missão.
O primeiro a sair foi o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Para seu lugar foi indicado o advogado Luiz Navarro. Outra troca já definida será a substituição do engenheiro Silvio Sinedino pelo petroleiro Deyvid Bacelar na vaga de representante dos funcionários.
Os outros conselheiros indicados pelo governo são Aldemir Bendine, presidente da companhia; Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de Francisco Alburquerque, Miriam Belchior (que assumiu a presidência da Caixa Econômica Federal) e Sérgio Quintella. Já Mauro Cunha e José Monforte representam os acionistas minoritários.Valor Econômico
Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner e Rodrigo Polito | Do Rio
PUBLICIDADE