“Nem tenho condições de explicar quanto foi duro o ano”. Assim o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, resumiu seu desalento com os problemas enfrentados pelas indústrias de carnes de frango e suína do país em 2018.
No tradicional balanço de fim de ano organizado pela ABPA, Turra atribuiu a uma combinação de fatores negativos, entre os quais a greve dos caminhoneiros e os reflexos das Operações Carne Fraca e Trapaça, a queda das exportações e também da produção dos frigoríficos.
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De acordo com as estimativas divulgadas hoje pela associação, as exportações de carne de frango do Brasil diminuíram 5,1% em 2018, para 4,1 milhão de toneladas. No caso da carne suína, os embarques recuaram 8% neste ano, para 640 mil toneladas. Segundo Turra, os frigoríficos de suínos foram prejudicados pelo embargo da Rússia, que durou a maior parte deste ano. Moscou representava, até 2017, cerca de 40% das exportações de carne suína do Brasil.
As dificuldades também prejudicaram a produção. De acordo com a ABPA, a produção de carne de frango do Brasil caiu 1,7% em 2018, para 13,05 milhões de toneladas. Por sua vez a produção de carne suína recuou 3,2%, para 3,63 milhões de toneladas, segundo a entidade.
Com a menor disponibilidade de carnes, o consumo doméstico caiu. De acordo com ABPA, o consumo per capita de carne de frango caiu 0,7%, para 41,7 quilos ao ano, enquanto que o de carne suína caiu 2,6% em 2018, para 14,35 quilos ao ano.
A fraqueza da economia brasileira também colaborou para provocar uma pequena migração do consumo de carnes para os ovos, cuja demanda per capita bateu recorde este ano - alcançou 212 unidades, 10,4¨% mais que em 2017. A produção de ovos cresceu 10% em 2018, para 44,2 bilhões de unidades.
Para 2019, a ABPA espera uma recuperação “moderada” da produção de carne de frango, A associação estima que a produção nacional crescerá 1,4%, para 13,2 milhões de toneladas.
No caso da carne suína, a indústria está mais otimista. A produção brasileira pode crescer puxada pela maior demanda da China - o país asiático sofre com um surto de peste suína africana, o que deve reduzir severamente a produção local. Diante disso, a associação projeta um crescimento de 2% a 3% da produção brasileira.
Para as exportações das duas carnes, a expectativa inicial também é de incremento entre 2% e 3% em 2019."É uma estimativa conservadora", disse Ricardo Santin, vice-presidente da ABPA, ressaltando que a estimativa não contempla o efeito positivo para o Brasil de um eventual aumento da demanda da China, que está às voltas com a proliferação de casos de peste suína africana e provavelmente terá que ampliar as importações.
Fonte: Valor