Mudança de presidente da Vale não deverá impactar no cronograma da siderúrgica cearense. A expectativa é de que a empresa invista mais em projetos nacionais
No final do mês de maio, o atual presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, será substituído. O executivo foi responsável pela assinatura do contrato da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). Murilo Ferreira, ex-diretor da Vale e ex-presidente da Inco, deve assumir o comando. A mudança, no entanto, não deverá afetar o cronograma ou o investimento do empreendimento cearense.
O dirigente foi escolhido em reunião de acionistas da Valepar, holding que controla a Vale. A decisão impactou nas ações da empresa na Bolsa. Com giro superior a R$ 1,5 bilhão, a Vale foi destaque.
De acordo com a assessoria de imprensa da CSP, ainda não foi anunciada nenhuma alteração. A Vale é responsável por 50% da usina em parceria com as siderúrgicas sul-coreanas Dongkuk (30%) e Posco (20%).
A assessoria de imprensa da Vale declarou que ainda não há definição sobre os planos da empresa. Qualquer alteração só deve ser divulgada quando o novo dirigente da empresa for anunciado.
Desde já a expectativa é de que, se não houver antecipação, atraso não é esperado. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, cobrou que a Vale invista mais em siderúrgicas, agregando valor ao minério de ferro antes de exportá-lo. “A produção de aço no País é conveniente, é necessária ao povo brasileiro e à sociedade”, afirmou. Ele disse ainda que a empresa “precisa contribuir mais fortemente com os interesses do País”.
A expectativa dos analistas é de que não haja grande mudança na gestão da empresa, já que ela é gerida por um grupo. “Os presidentes têm uma função técnica. Por isso, não vejo muito impacto em termos de mudanças estratégicas em relação a empreendimentos”, explicou o professor de economia do setor público do instituto de economia da UFRJ, Nelson Chalfun.
Já o prof. economia internacional e de mercado de capitais da Unifor, Ricardo Eleutério, aposta quea empresa vai passar a investir mais no País.
Projetos
A CSP é um dos quatro projetos da Vale na área de siderurgia. A companhia cearense deverá entrar em operação apenas em 2014. Orçado em US$ 4 bilhões, é o primeiro projeto estruturante a iniciar as suas obras no Pecém.
Em entrevista ao O POVO, o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), Francisco Zuza de Oliveira, explicou que um empreendimento do porte da siderúrgica será responsável pela atração de grande volume de empresas para a região. “A indústria matriz atrai fornecedoras de equipamentos. O esforço é para tentar atrair as empresas matrizes”.
Além da siderúrgica cearense, a Vale tem quatro projetos siderúrgicos em andamento que totalizam 21 bilhões de dólares. São a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), no Rio de Janeiro; Aços Laminados do Pará (Alpa), no Pará; e Companhia Siderúrgica Ubu (CSU), no Espírito Santo.
Enquanto para a CSP não está prevista alteração, a Companhia Siderúrgica de Suape (CSS) deverá iniciar suas operações em 2012, dois anos mais cedo.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
A siderúrgica é um dos projetos estruturantes do Ceará que já foi atrasado diversas vezes por motivos políticos e econômicos. Resta aguardar que realmente não haja novas alterações no cronograma.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/Teresa Fernandes
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