O grupo alemão ThyssenKrupp informou ontem que está em uma "negociação exclusiva" com um potencial comprador para sua laminadora de aço localizada no Alabama, Estados Unidos. Segundo a companhia, o acordo envolve um contrato de longo prazo de suprimento de placas de aço para a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), situada no Rio de Janeiro, e "garantiria o valor" da siderúrgica brasileira.
De acordo com a Thyssen, em comunicado divulgado ao mercado, ainda não há garantias de que as negociações serão concluídas com sucesso. Por conta da negociação, a companhia alemã adiou a divulgação de seu balanço anual, inicialmente previsto para esta quinta-feira, para o dia 2 de dezembro.
O grupo alemão tenta há mais de um ano se desfazer da laminadora nos Estados Unidos e da CSA, no Brasil, mas até agora não obteve sucesso. Desde 2010, quando as duas unidades siderúrgicas começaram a operar, os dois ativos acumulam prejuízos de mais de US$ 7 bilhões.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi um dos principais interessados na aquisição da CSA, bem como da laminadora americana. As negociações, nos dois últimos meses, esfriaram. A CSN, segundo informações, havia mudado os planos, passando a negociar apenas a laminadora, com garantia de suprimento de placas da CSA. A empresa brasileira não confirmou essas informações.
A ArcelorMittal, maior conglomerado de produção de aço do mundo, é apontada como a favorita para levar a usina do Alabama. Em entrevista concedida ao jornal "Financial Times" na semana passada, o presidente da ArcelorMittal, Lakshmi Mittal, admitiu que examinava a possibilidade de adquirir o ativo para ampliar a presença da companhia nos Estados Unidos.
Os dois ativos foram colocados à venda pela nova administração da Thyssen em maio de 2012, com a contratação de dois grandes bancos de investimentos: Goldman Sachs e Morgan Stanley. Além de CSN e ArcelorMittal, Nippon Steel, JFE Steel, Posco, Nucor e US Steel avaliaram os ativos.
Nas duas usinas de aço, a Thyssen investiu cerca de US$ 15 bilhões, como parte de um projeto integrado nas Américas. A CSA foi desenhada para produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano (um produto semi-acabado) no distrito de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Do volume, cerca de 60% tinha como destino a usina do Alabama, onde as placas seriam laminadas em produtos para aplicações na indústria automotiva, de linha branca e na construção civil. O restante seria embarcado para usinas da própria Thyssen na Europa.
O projeto sofreu uma série de problemas, como aumento exagerado dos custos, atrasos na construção e problemas operacionais na CSA. A usina brasileira ainda opera com cerca de 60% a 70% da capacidade e um de seus dois altos-fornos teve de ser paralisado neste ano para reparos. (Colaborou Ivo Ribeiro)
Fonte: Valor Econômico/Natalia Viri | De São Paulo
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