O Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, e o Instituto Luiz Alberto Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), da UFRJ, possuem amplo histórico de cooperação. A parceira começou em 1977, quando a Petrobras vivia uma incessante busca por depósitos de óleo e gás, após a crise do petróleo. O primeiro grande convênio de cooperação celebrado entre a empresa e uma universidade deu início a uma parceria duradoura, que perdura por quase quatro décadas e ajudou a mudar a face da indústria brasileira de petróleo. Os acordos de cooperação geraram, até hoje, mais de 2 mil projetos de pesquisa, formaram centenas de mestres e doutores e resultaram na criação de cursos de pós-graduação lato sensu e de especialização.
Em novembro de 1974, foi descoberto o primeiro campo de petróleo da Bacia de Campos, o de Garoupa, e na sequência Pargo, Namorado e Badejo, em 1975; Enchova, em 1976; Bonito e Pampo, em 1977. Havia, porém, os desafios das distâncias das cada vez maiores distâncias do litoral e das águas bem mais profundas - os mesmos desafios enfrentados hoje na exploração do pré-sal, porém em escala maior. A Coppe já tinha experiência em análise estrutural, área de pesquisa de Fernando Lobo Carneiro, então coordenador do Programa de Engenharia Civil.
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Em 1976, ele trouxe para o programa o argentino Agustín Juan Ferrante, que trabalhava com o sistema computacional Strudl (Structural Design Language), desenvolvido no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Foi de Ferrante a ideia de procurar a Petrobras e oferecer os serviços da Coppe/UFRJ, já que a empresa teria de abandonar as plataformas fixas, cravadas no fundo do mar, e recorrer a plataformas flutuantes, ideais para grandes profundidades.
A Petrobras criou a Divisão de Engenharia com a missão de dar ênfase a projetos offshore, chefiada por Sergio Mueller. Ele defendeu a proposta da Coppe e foi criado o convênio batizado de "Recursos Computacionais de Engenharia Offshore", para formação de recursos humanos e desenvolvimento de programas computacionais que permitiriam à Petrobras projetar suas próprias plataformas.
"O acordo guarda-chuva permitia maior liberdade de contratação", diz Segen Stefen, ex-diretor de inovação da Coppe e coordenador do laboratório de Tecnologia Submarina que junto com os sistemas de controle e robótica ajudavam a vencer os desafios das altas profundidades.
As décadas de 1980 e 1990 assistiram a sucessivas quebras de recordes de produção em águas profundas pela Petrobras. A cada patamar de aumento da lâmina d'água - de 100 para 200 metros, para 300, 400, até os atuais 2 mil metros -, novos desafios eram encontrados. Em 1985, 33 plataformas fixas projetadas com base no trabalho da Coppe estavam em operação. E o projeto das sete primeiras plataformas da Bacia de Campos estavam em andamento.
Quando a profundidade das operações no mar de Campos alcançou a casa das centenas de metros, foi preciso abandonar as plataformas fixas cravadas no fundo do mar e recorrer a estruturas flutuantes. Primeiramente, eram semissubmersíveis, que foram substituídas por navios-plataforma.
Exemplo típico de superação foi a troca do aço por poliéster nas linhas de ancoragem. A instituição também testou o riser rígido usado pela primeira vez na plataforma P-18, no começo dos anos 2000. E desenvolveu, ainda, sistemas que ajudam a combater a corrosão e tem atuado na manutenção pró-ativa ou preditiva.
"Agora temos o projeto de criação do Núcleo Hiperbárico de grande capacidade, com 2,5 metros de diâmetro e sete de cumprimento permitindo simular uma profundidade de 4 mil metros para testar equipamentos de grande porte", diz Stefen. Outra linha de pesquisa é a de dutos rígidos e flexíveis que ganha o reforço de 16 laboratórios da Coppe que acabam de ser credenciados pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii)." A Petrobras investiu, em 2013, US$ 1,132 bilhão em pesquisa, desenvolvimento e inovação e em 2014, deve manter a média dos últimos anos de US$ 1,2 bilhão.
Fonte: Valor Econômico\Carmen Nery | De São Paulo