Anunciada nesta segunda-feira (4) pela Petrobras, a venda de quatro campos de petróleo em águas rasas do Ceará, em conjunto com o processo de cessão de outros dois campos terrestres da empresa no Estado, iniciado em março, deve acabar trazendo resultados bastante negativos para o mercado de trabalho cearense. A previsão é do ex-presidente do Sindicato dos Petroleiros dos Estados do Ceará e Piauí (Sindipetro), Orismar Holanda.
Segundo ele, mesmo se os campos encontrarem um comprador, os postos de trabalho que eles geram "com certeza serão drasticamente reduzidos". "A iniciativa privada não tem o mesmo compromisso social da Petrobras. Assim, mesmo que os campos só mudem de mãos, é evidente que muita gente será cortada e ficará desempregada no Ceará", opina. Conforme Holanda, os mais prejudicados serão os moradores do Interior.
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A Fazenda Belém, por exemplo, que compõe os campos de Aracati e Icapuí, postos à venda pela Petrobras, é responsável por 180 empregos diretos (próprios e terceirizados) e cerca de 250 indiretos. "Emprega muita gente na região do Baixo Jaguaribe e Mossoró. Se uma empresa chegar querendo cortar todas essas pessoas, nada impedirá", diz.
Holanda também lembrou que iniciativa privada não tem a mesma preocupação com o meio ambiente que a estatal é obrigada a ter. "Basta lembrar o que aconteceu com a barragem da Samarco, em Minas Gerais", pontua. "É um absurdo a Petrobras estar se desfazendo destes campos, que não dão prejuízo".
Premium II em Minas
Nesta segunda-feira, foi divulgado que a ANP teria indicado Minas Gerais para receber futuramente a refinaria Premium II, que seria no Ceará. Sobre o assunto, Holanda afirma não se surpreender e que isso se deve ao fato de o Estado não ter "força política suficiente" para sustentar um investimento deste porte.
Fonte:Diario do Nordeste (CE)