Foi em clima de incerteza que investidores estrangeiros receberam o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, em evento ontem na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Nova York.
Após palestra de Barbassa sobre os planos de investimento no pré-sal e a capitalização da empresa -a ser concluída até julho, segundo ele, mas que ainda depende de aprovação no Senado-, o diretor teve que responder, por exemplo, qual seria o plano B caso a medida não passe no Congresso ainda no primeiro semestre.
"Não trabalhamos com nenhuma outra possibilidade", rebateu o diretor. "Não temos razão nenhuma para crer que a proposta não será aprovada."
Ao fim do debate, a falta de alternativa foi uma das preocupações apontadas por investidores em conversas com a Folha. Apesar das desconfianças, eles veem o pré-sal como um mercado promissor e não descartam a compra de ações da companhia brasileira.
"Acho que muitos investidores estão comprando ações da Petrobras -ou da Vale- porque querem colocar seu dinheiro no Brasil, e não há muitas empresas brasileiras conhecidas por aqui. Mas a questão é: será que a Petrobras vai continuar só como um grupo que representa os interesses do governo brasileiro?", disse Jean Ergas, investidor e consultor.
Investidores presentes disseram ainda haver incerteza quanto ao retorno a curto prazo das ações. Um deles, que pediu para não ser identificado, afirmou que os valores das ações são muito estáveis, e quem decide comprá-las sabe que não ganhará "200%". Além disso, afirmou, há certa insegurança em relação ao Brasil, "que pode falhar", apesar do bom momento econômico no país.
Investimentos
Durante a palestra em Nova York, Barbassa procurou assegurar que a Petrobras passa por uma boa fase. O diretor negou que a empresa considere cortar os investimentos para este ano (previstos em R$ 88,5 bilhões) caso a proposta da União de capitalizar a companhia não passe pelo Senado neste semestre.
A ameaça havia sido feita na semana passada, no Brasil, em reuniões com acionistas e analistas em que a companhia foi representada por Alexandre Quintão, coordenador-gerente de relações com investidores.
Quintão havia dito que o fracasso da aprovação da capitalização poderia exigir a revisão de 20% dos investimentos previstos. Mas Barbassa contradisse o colega.
"Não penso em cortar investimentos ou em fazer nada desse tipo. [...] Construímos uma situação para o primeiro semestre que nos dará o conforto de que precisamos para trabalhar na capitalização. E é isso que estamos fazendo", afirmou.
Fonte: Folha de S.Paulo/CRISTINA FIBE/DE NOVA YORK
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