Conforme alertado pela Agência Nacional de Águas (ANA), a região Amazônica enfrenta a maior seca dos últimos anos. Os níveis do Solimões e do Negro têm registrado vazantes (descida do nível dos rios) históricas este ano, o que influencia diretamente o volume de água dos demais rios da região. O nível do Negro é monitorado desde 1902. Neste histórico, o menor nível do curso d’água já registrado na capital amazonense havia sido em 1963, quando o rio chegou a 13,64m. Porém, neste domingo, 25 de outubro, o rio atingiu 13,63m no porto de Manaus e pode baixar ainda mais nos próximos dias, pois o período de vazante ainda não terminou.
O Solimões, em Tabatinga (AM), alcançou a marca de -88cm (88cm abaixo do número zero da régua instalada no leito do rio) em 11 de outubro – cota mínima recorde na localidade desde o início das medições, em 1982. Este comportamento é semelhante ao da vazante histórica de 2005, quando o curso d’água chegou ao nível de -61cm. Como o fundo do rio não é plano, a régua é colocada de modo que fique numa posição operacional adequada, principalmente em se tratando de rios tão largos como os maiores da Amazônia. Por isso, pode haver níveis negativos. Desde o recorde e até a última quinta-feira, dia 21, o rio Solimões subiu e chegou a 0,85m.
De acordo com o superintendente de Usos Múltiplos da ANA, Joaquim Gondim, um fator que causou a situação atual do baixo nível de rios amazônicos foi a chuva abaixo da média em outros países amazônicos – Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela –, onde estão as cabeceiras de afluentes do rio Amazonas, que, ao entrar no Brasil, passa a se chamar Solimões. O rio volta a ter o nome de Amazonas após o encontro do Negro com o Solimões nas proximidades de Manaus.
Segundo Gondim, a situação dos rios amazônicos interfere diretamente no cotidiano de quem vive na Amazônia. “A população local está sofrendo com os efeitos da seca, já que os rios da região têm papel fundamental para o transporte de cargas e passageiros, além do abastecimento de alimentos, medicamentos e combustíveis. Essa população também tem que percorrer grandes distâncias para obter água de boa qualidade, porque, com a estiagem, a água de grande parte dos rios fica imprópria para consumo humano”, afirma.
Rede Hidrometeorológica
A Agência Nacional de Águas opera uma rede de estações em todo o Brasil, nas quais são medidos: níveis dos rios, chuvas, qualidade da água e sedimentos transportados, dentre outras grandezas. Parte desta rede é constituída por estações convencionais, em que a leitura é feita por um observador, e parte, por estações telemétricas cuja transmissão de dados se dá via satélite e celular. “A rede de monitoramento permite o acompanhamento da evolução dos níveis dos principais rios da Amazônia e outras regiões do País”, destaca o superintendente de Gestão da Rede Hidrometeorológica da ANA, Valdemar Guimarães.
A Agência também mantém cooperação com os países que fazem parte da bacia Amazônica, por meio dos Serviços Nacionais de Meteorologia e Hidrologia do Peru e da Bolívia; do Instituto Nacional de Meteorologia e Hidrologia do Equador; do Instituto de Hidrologia, Meteorologia e Estudos Ambientais da Colômbia; e, no Brasil, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Assim, é possível efetuar o monitoramento climático e hidrológico integrado da bacia.
Da Redação
PUBLICIDADE