A Petrobras pretende tornar a África sua principal área de desenvolvimento fora do Brasil, conforme afirmou a presidente da companhia, Magda Chambriard, em entrevista recente à Reuters. A executiva destacou que a Costa do Marfim ofereceu condições extremamente favoráveis para a exploração de águas profundas e ultraprofundas, chegando a estender o “tapete vermelho” para a estatal brasileira. Como parte dessa receptividade, a Petrobras recebeu preferência na compra de nove blocos exploratórios offshore no país africano.
Além da Costa do Marfim, outros países do continente também demonstraram interesse em estabelecer parcerias com a empresa brasileira. Nigéria, Angola e Namíbia foram citados por Chambriard como mercados que buscam estreitar laços com a Petrobras, em um momento estratégico para a estatal. A presidente da empresa ressaltou a experiência da companhia na margem leste do Brasil e apontou semelhanças geológicas com regiões africanas, justificando a expansão. “A correlação entre o Brasil e a África é inequívoca, então precisamos ir para a África”, afirmou.
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A retomada do foco na África marca uma mudança importante após anos de retração. Em administrações anteriores, a Petrobras vendeu ativos no continente como parte de uma reestruturação voltada para os campos de alta produtividade do pré-sal brasileiro. Agora, diante de dificuldades enfrentadas para obter licenças ambientais que permitam novas perfurações na costa da Floresta Amazônica, a empresa volta a buscar oportunidades externas, especialmente para garantir a reposição de suas reservas.
Essa reorientação já tem resultados práticos. Em 2023, a Petrobras adquiriu uma participação em um campo de petróleo offshore na África do Sul. No início de 2024, a empresa também investiu em campos localizados na nação insular de São Tomé e Príncipe, onde há planos para perfurar um poço ainda este ano. Apesar desses avanços, a companhia foi superada pela TotalEnergies em uma disputa por uma participação na promissora descoberta do campo de Mopane, na costa da Namíbia. Chambriard declarou que a Petrobras ainda espera ser convidada a participar do desenvolvimento dessa área, mas não forneceu detalhes adicionais.
Paralelamente à estratégia africana, a Petrobras também tem planos de expansão na Ásia. A empresa pretende disputar blocos de petróleo em um leilão marcado para julho na Índia, ampliando ainda mais seu escopo internacional de atuação. O movimento mostra que a estatal brasileira busca reposicionar-se globalmente, em meio a um cenário interno mais desafiador para a exploração de novas jazidas. No início de junho, a empresa obteve aprovação oficial do governo da Costa do Marfim para sua manifestação de interesse nos nove blocos offshore, reforçando o compromisso com a expansão africana.