A Prumo Logística, dona do Porto do Açu (RJ), anunciou ontem a venda de fatia de 20% da subsidiária Açu Petróleo para a alemã Oiltanking por US$ 200 milhões. A transação prevê que a Oiltanking, uma das maiores empresas independentes de armazenagem de derivados de petróleo, produtos químicos e gases do mundo, passe a ser a operadora do Terminal de Petróleo do Açu (T-Oil). "Estamos trazendo um operador de classe mundial, que vai garantir a adoção das melhores práticas do setor", disse Eduardo Parente, presidente da Prumo. O negócio também resolve a necessidade de caixa do T-Oil, uma vez que o dinheiro aportado pelo grupo alemão será usado para terminar as obras do terminal, que tem previsão de começar a funcionar daqui a um ano.
Parente disse que a Oiltanking fez auditorias e, ao aceitar pagar US$ 200 milhões por 20% da Açu Petróleo, reconheceu um valor de US$ 1 bilhão para essa subsidiária da Prumo. "Em um cenário de crise econômica, é algo relevante um estrangeiro avaliar o negócio em US$ 1 bilhão." Parente afirmou que o projeto do Açu é "contracíclico" e, em crises como a atual, é visto por empresas como uma solução capaz de ajudar a reduzir custos e aumentar a eficiência.
O mercado reagiu bem ao negócio e a ação da Prumo subiu 10,52% ontem, para R$ 0,84. Foi a oitava maior alta do mercado à vista na BM&F Bovespa. No fechamento do dia, a Prumo alcançou um valor de mercado de R$ 2,3 bilhões. Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Prumo informou que o contrato com a Oiltanking prevê um aumento de capital na Açu Petróleo, subsidiária que é 100% da Prumo. A partir do fechamento da operação, que ainda pode levar cerca de dois meses, a Açu Petróleo passará a ser 80% Prumo e 20% Oiltanking. Não há previsão no contrato de que os alemães ampliem sua fatia.
Em nota, a Oiltanking afirmou que o foco da empresa no Porto do Açu será oferecer a mais segura e a mais eficiente operação de transbordo marítima. Segundo a empresa, no futuro o plano é expandir as operações em terra no Açu com serviços de estocagem, misturas de óleos (blending), tratamento de óleo e atividades comerciais (trading). A Oiltanking está presente no Brasil desde 2008 e tem um terminal de granéis líquidos em Vitória (ES). A empresa vinha buscando oportunidades de expandir sua presença no país, em especial em um projeto de petróleo no mercado offshore (no mar).
"Hoje acreditamos que convergimos e encontramos não só um excelente projeto que vai oferecer ao mercado uma solução mais eficiente e segura, mas encontramos um grande parceiro com quem compartilhamos a mesma visão e os mesmos objetivos sobre como avançar no futuro", disse nota da Oiltanking.
Quando entrar em operação, o T-Oil permitirá que navios "aliviadores", que recebem o petróleo nas plataformas de produção, façam o transbordo para navios de grande porte no Açu. O T-Oil está licenciado para movimentar até 1,2 milhão de barris de óleo por dia. Hoje, o T-Oil tem contrato assinado com a BG Brasil para movimentar volume de 200 mil barris por dia em operações de transbordo, número que pode ser ampliado até 320 mil barris/dia. Para Parente, o contrato com a BG foi um "carimbo" em termos de qualidade, segurança e eficiência na futura operação do T-Oil. O executivo afirmou que em menos de dois anos a Prumo conseguiu eliminar uma série de riscos ao seu negócio, entre os quais a conclusão de obras no porto, feitas no prazo e no orçamento, e o alongamento da dívida da empresa com o BNDES, entre outros pontos.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio
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